Petróglifos em Val Carmonica, na Itália. Um dos muitos exemplos que os seguidores do conceito dos antigos astronautas acreditam ser representações de extraterrestres no passado distante (Foto: Luca Giarelli/ Wikimedia).

Antigos astronautas; extraterrestres colonizadores; deuses civilizadores. Eles são descritos de diferentes formas, mas a ideia geral é que, em tempos antigos, seres de outro planeta chegaram à Terra e estiveram entre os humanos por algum tempo, exercendo maior ou menor influência no desenvolvimento de diferentes culturas, fornecendo conhecimentos inéditos.
A época em que essa chegada ocorreu varia de acordo com a fonte, mas é de se supor que não houve exatamente “uma” chegada de extraterrestres, mas várias, em épocas diferentes, em vários pontos do planeta. Relatos de origem esotérica chegam a falar de milhões de anos, enquanto outras ficam nos milhares ou centenas de anos atrás, desde a antiga Suméria até os maias e incas.
A forma pela qual esses extraterrestres teriam chegado ao nosso planeta também não é clara, ainda que alguns dos pesquisadores citem com alguma frequência os antigos textos da Índia, nos quais existem referências aos vimanas, que seriam os veículos dos deuses extraterrestres, assim como trechos da Bíblia, em particular as profecias de Ezequiel.

A Visão de Ezequiel (cópia de artista desconhecido a partir de original de Matthaeus Merian, o Velho, 1670).

Seja como for, supõe-se que esses seres tinham uma tecnologia extremamente avançada e naves espaciais que possibilitavam suas viagens interplanetárias, e os pesquisadores apontam alguns sinais de que imagens estilizadas dessas naves tenham sido registradas em monumentos antigos, como a gravação no famoso túmulo maia de Pacal, no Templo das Inscrições, em Palenque, no México. Fala-se ainda de passagens dimensionais ou de viagens a velocidades maiores do que a da luz, o que possibilitaria que extraterrestres de planetas distantes conseguissem chegar à Terra.
A origem desses antigos visitantes também varia segundo a fonte: as Plêiades, Órion, Zeta Reticuli, Nibiru e outras localizações. Igualmente variadas são as ideias a respeito dos objetivos desses seres em nosso planeta. Em algumas ocasiões, fala-se de tentativas de colonização e dominação das raças já existentes na Terra; outras, de tentativas de trazer mais conhecimentos e acelerar o desenvolvimento tecnológico e cultural de civilizações.

Ilustração de um vimana indiano suspenso no céu (c. 1650).

Devido a uma série de fatores, de alguma forma, o conhecimento pleno da chegada e passagem desses extraterrestres pelo planeta foi perdido, mas pode ser resgatado e reconhecido em alguns sinais que eles deixaram por aqui e que foram registrados por nossos antepassados.
Como esses registros foram feitos de acordo com o conhecimento que os humanos possuíam na época, atualmente eles podem e devem ser reinterpretados, de acordo com os conhecimentos atuais, dessa forma lançando nova luz sobre os eventos e provocando uma releitura de nossa história.
Esses possíveis sinais de sua passagem estão espalhados pelo planeta, surgindo em diferentes culturas e civilizações, às vezes apresentando imensas semelhanças entre eles, apesar de terem sido registrados por culturas muito distantes, tanto física quanto temporalmente.

Entre todas as ideias que giram em torno da possível presença de seres extraterrestres em nosso planeta, a dos “antigos astronautas” certamente está entre as mais polêmicas, talvez só sendo superada pela afirmação de que, atualmente, esses seres têm mantido contato mental com algumas pessoas selecionadas na Terra.

Reprodução da tampa do sarcófago de Pacal, no Templo das Inscrições, em Palenque, com a suposta imagem de um ser dirigindo uma espaçonave.

Porém, além de polêmico, também se tornou um dos mais populares, originando uma infinidade de livros e programas de televisão, abordando uma imensidade de diferentes aspectos dessa possível passagem dos visitantes entre as antigas civilizações da Terra. Os primeiros levantamentos mais extensos realizados pelos pesquisadores, ainda nos anos 1950, abordaram mais ou menos as mesmas civilizações terrestres, mas atualmente os pesquisadores parecem ver a presença de extraterrestres em praticamente qualquer objeto, estrutura arquitetônica ou evento do passado remoto. E, aparentemente, muitas vezes essas tentativas exageradas de encontrar evidências são provocadas pela necessidade de pautar programas de televisão que atraem um público específico.
O exagero também não parece ajudar na complicada relação entre o que os pesquisadores afirmam e o que os cientistas dizem. Assim como aconteceu com o fenômeno OVNI a partir das décadas de 1940 e 1950, muitos cientistas manifestaram-se totalmente contra a ideia, em alguns casos ridicularizando a proposta, em outros apenas levantando o que acreditam serem pontos falhos nas análises e observações dos autores que levantam essas questões. E, é claro, geralmente os cientistas atentam para o fato de que nenhum, ou quase nenhum, desses pesquisadores ter uma formação acadêmica adequada para manifestar-se sobre os assuntos em questão, que muitas vezes envolvem conhecimentos de física, química, astronomia e matemática, e frequentemente conhecimentos profundos de história e arqueologia, assim como de idiomas antigos, muitos deles extintos.
Mas também existem os cientistas que entendem que vários pontos apresentados são dignos de estudos mais aprofundados por parte de cientistas preparados, o que raramente ocorre, se é que ocorre alguma vez. Sendo assim, as propostas continuam sendo levantadas por leigos, por mais estudiosos que alguns dos pesquisadores sejam.

Nas matérias seguintes, vamos abordar algumas dessas questões e procurar fornecer uma visão geral do tema, focando nas observações que os estudiosos fizeram sobre os mais antigos textos da humanidade, em particular aqueles ligados a diferentes religiões.