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PENSAMENTO POSITIVO FUNCIONA?
Autor |
Gilberto Schoereder |
|
15/04/2025 |
Apesar de não ser um tema novo, o chamado “pensamento positivo” ganhou destaque a partir de meados do século 20 e esteve no centro de discussões com o sucesso comercial de alguns livros e filmes que têm tratado o assunto de forma um tanto superficial.
Matéria publicada originalmente na revista Sexto Sentido 103 (2009).
Imagem: Gerd Altmann/ Pixabay.
Pensamento positivo deve ser a coisa mais antiga do mundo. Afinal, ainda nas cavernas, o ser humano já devia pensar que “vai dar certo” ou que ia conseguir caçar o animal necessário para alimentar sua família – ou ainda, na pior das hipóteses, que seria possível fugir do animal que o caçava.
Mais difícil é saber quando os conceitos a respeito do poder ou força do pensamento positivo começaram a ser sistematizados. De formas diversas, a organização de sistemas que facilitassem o pensamento positivo devia existir em todas ou em quase todas as culturas antigas do planeta.
Em tempos mais recentes, parece não haver dúvida de que o mais conhecido criador de um sistema visando manter o pensamento positivo foi Norman Vincent Peale, independentemente de ele funcionar ou não. Seu best-seller O Poder do Pensamento Positivo (Ed. Cultrix) foi publicado em 1952 e ainda hoje é republicado no mundo inteiro, ainda que sua linguagem tenha perdido muito do impacto original. Diz-se que a obra praticamente, ou de fato, inaugurou a onda de livros de autoajuda que, hoje em dia, soterram as prateleiras das livrarias.
Norman Vincent Peale sofreu várias acusações de fraude, trapaça e de ausência de citação das supostas fontes e trabalhos científicos que dariam suporte e comprovariam seu próprio trabalho – acusações que parecem ser comuns a inúmeras pessoas que elaboram sistemas semelhantes, quase sempre apresentados como “o melhor”, “o único que realmente funciona”, ou coisa parecida.
Uma das mais recentes aparições nessa área do “pense positivo e consiga o que quer” foi o igualmente best-seller – parece que todos os livros do gênero o são – O Segredo, uma jogada de marketing genial, para quem ainda acredita que o marketing pode ser genial, mas que nada apresentava de novo com relação a outros sistemas mais antigos.
Imagem: Pete Linforth/ Pixabay.
Se pensamento positivo funciona? Acho que sim, às vezes. Claro que se uma pessoa passa a vida pensando, o tempo todo, que nada vai funcionar, que nada vai dar certo, que sua vida é uma droga, que tudo que acontece de errado acontece com ela, provavelmente vão ocorrer mais coisas ruins do que boas. Contudo, ainda faltam estudos científicos que comprovem essa situação, ainda que alguns já tenham sido elaborados.
Se uma pessoa acha que determinada ação não vai resultar em nada de positivo, em nada de bom, é provável que sequer tome uma atitude em direção a essa ação, de modo que qualquer evento positivo que poderia resultar dela não ocorre. Se a pessoa pensa positivamente, acredita, tem fé e segue em frente, pode se dar bem, ou não. Mais uma vez, precisaríamos de um levantamento estatístico para saber se funciona ou não.
Um exemplo, que nem sei se é oportuno ou se cabe nessa situação, é a dos experimentos científicos envolvendo capacidades paranormais, ou psi, como alguns parapsicólogos preferem chamá-las hoje em dia. Em alguns testes de adivinhação de cartas – como os testes com as cartas Zener, realizados na Universidade de Duke, por Joseph Banks Rhine, nos anos 1930 – as pessoas que tinham atitudes positivas com relação aos fenômenos paranormais ou que “acreditavam” na telepatia, tiveram resultados melhores, acima da média. Por outro lado, os que “não acreditavam” apresentaram resultados abaixo da média. Esses resultados, sim, foram comprovados estatisticamente.
Imagem: Amore Seymour/ Pixabay.
Hoje em dia existem algumas pesquisas científicas relacionadas ao funcionamento da mente humana sob determinadas circunstâncias, que parecem apresentar algumas evidências no sentido de que determinadas posturas facilitam a obtenção de resultados positivos. Evidentemente, não estamos falando de fórmulas mágicas e simples, mas de processos mentais complexos.
O parapsicólogo Jayme Roitman diz que o pensamento positivo “pode funcionar em determinadas situações, mas provavelmente não funciona pelas razões que seus principais divulgadores afirmam. E, possivelmente, sua amplitude e durabilidade são muito menores do que desejariam e às vezes afirmam seus defensores”. Para Roitman, existem pessoas que são espontaneamente mais otimistas, ou seja, têm pensamentos positivos com mais frequência, e pessoas que são pessimistas “crônicos”, para as quais o acréscimo de certa dose de otimismo poderia fazer bem. “Em geral”, ele diz, “os otimistas têm maior capacidade de adaptação ao meio e respondem melhor às frustrações naturais, superando-as com maior facilidade”.
Um dos problemas, segundo Roitman, é que o conceito de pensamento positivo foi apresentado, ainda nos anos 1950, como uma possível panaceia, a partir de uma célebre frase de Norman Vincent Peale: “O pensamento positivo pode vir naturalmente para alguns, mas também pode ser aprendido e cultivado. Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo”. Roitman diz que existe uma tentativa de sugerir que tais efeitos do pensamento positivo têm explicação principalmente em descobertas da física quântica, como aparece nas obras Quem Somos Nós? e O Segredo. “Até onde sei”, ele explica, “quase todos os cientistas não concordam com isso, incluindo aí os físicos quânticos”.
Imagem: Gerd Altmann/ Pixabay.
O conhecido instrutor de yoga Claudio Duarte dizia que o pensamento positivo não é apenas mais um modismo, sendo um princípio muito mais antigo do que se possa imaginar. “Já existia na Índia”, ele explicou, “no antigo Egito, na Mesopotâmia e na antiga China. E, ainda hoje, predomina dentro de muitas correntes de pensamento, correntes filosóficas ou existencialistas, e tem resultados benéficos e verdadeiros”.
Ele disse que “o cérebro e a própria mente funcionam através de energias elétricas, ondas e vibrações elétricas. Porém, tais energias, ondas e vibrações têm conexão direta com o mundo exterior. E têm a capacidade de receber ou transmitir mensagens de qualquer natureza. E como o pensamento positivo nada mais é do que uma transmissão de energias em forma de ondas e vibrações, ele funciona em qualquer situação. Por exemplo, se 15 pessoas se reunirem para pensar positivamente sobre a saúde de alguém que se encontra enfermo – é claro que dependendo da força e intensidade de tal conjunto de pensamento e do grau da doença dessa pessoa – a mesma poderá ser curada em pouco tempo, mesmo que esteja sob cuidados médicos. Mas essa fórmula ou técnica, na realidade do raja Yóga de Patanjali, também funciona para qualquer outro tipo de situação positiva ou benéfica. E há diversas maneiras de realizá-la”.
De fato, foram feitas pesquisas científicas envolvendo o “poder da oração”, ou a relação entre saúde e espiritualidade, ou fé, como a do dr. Jeff Levin, publicadas no livro Deus, Fé e Saúde (Editora Cultrix).
Kentaro Mori, criador do site Ceticismo Aberto (www.ceticismoaberto.com), diz que existe certo fundo de verdade na crença de que o pensamento positivo traz benefícios. “O psicólogo britânico da Universidade de Hertfordshire, Richard Wiseman”, explica Mori, “conduziu o chamado ‘Projeto Sorte’ por vários anos, pesquisando a vida de mais de 400 pessoas extraordinariamente bem, ou mal, afortunadas que se ofereceram como voluntárias”. Segundo Wiseman, os resultados revelaram que a sorte não é uma habilidade mágica ou resultado de pura chance, nem que as pessoas nasçam sortudas ou azaradas.
O psicólogo mostrou que pessoas bem afortunadas criam sua própria “sorte” por meio de quatro princípios básicos. “Elas são habilidosas em criar e perceber boas oportunidades”, diz Wiseman. “Elas tomam decisões afortunadas ao dar ouvidos à sua intuição; criam profecias autocumpridas através de expectativas positivas, e adotam uma atitude resiliente que transforma a má sorte em boa”.
Porém, Kentaro Mori ressalta que “é importante notar que o pensamento positivo em si mesmo não exerce qualquer influência mágica, sobrenatural. Ficar sentado de braços cruzados ‘pensando positivo’ não fará um baú de ouro surgir à sua frente. A pesquisa de Wiseman evidencia, sim, uma abordagem mais racional da questão, demonstrando que nossa atitude influencia diretamente nossas ações. Pessoas ‘de sorte’, ao pensarem positivo, tendem a dedicar mais esforço em seus empreendimentos, resultando em mais sucesso”.
Imagem: Khusen Rustamov/ Pixabay.
Muitas pessoas levantam a questão da ação como fundamental. A psicoterapeuta Marta Moreira Mendes disse que o pensamento positivo tem poder quando aliado à emoção, à imaginação e à ação efetiva. “Ficar pensando somente não nos leva a lugar algum”, ela disse. “Entendo que quando existe a parceria intuição-pensamento-sentimento-desejo-imaginação-impulso, existe fé, confiança em si mesmo, em sua capacidade de ser e realizar. E ainda, mesmo diante das situações contrárias comuns na vida, é possível, por meio da intuição, encontrar força e determinação para a transformação”.
Marília de Abreu, da Wicca Cia. das Bruxas (www.wiccaciadasbruxas.com.br) segue por uma linha semelhante ao entender que a mente humana não é tão simples como algumas pessoas querem apresentar. Para ela, existe um fundo de verdade no pensamento positivo. “Uma postura positiva diante da vida”, ela explica, “que englobe não só o pensamento, mas as atitudes e os sentimentos diante da vida, com certeza fará com que optemos pelo melhor, desencadeando coisas boas. Mas também existe o modismo, porque as filosofias dominantes não propiciam que as pessoas se disponham a focar atenção em si mesmas e em seus processos interiores, a fortalecer suas personalidades, superar suas fraquezas e entender a vida e as leis do universo. Somos, sim, educados a acreditar que Deus e as forças da natureza estão prontos a nos servir, desde que saibamos a forma certa de pedir, rezar. Assim, todo aquele que venha com uma proposta do tipo ‘mude sua vida já sem esforço’, faz sucesso imediato”.
Para a psicóloga Herminia Prado Godoy, o controle mental, a construção de ideias positivas que gerem um bem viver, existe desde que a terapia comportamental existe e “é a base do trabalho psicoterápico que encontramos em todas as vertentes psicológicas. A pessoa está mal porque seu processamento de ideias, visão de mundo, crenças, não estão funcionando de forma positiva, ou seja, que lhe traga consequências positivas como bem-estar, equilíbrio e saúde”.
Ela explica que se trata de uma sequência, ou seja, a pessoa recebe uma estimulação do ambiente, processa essa estimulação e responde ao meio. Essa resposta passa a ser um estímulo para outro processar e responder, e assim sucessivamente. Se a pessoa está calcada em crenças negativas, pensamentos de menos valia, preconceitos, ou seja, num padrão de pensamento negativo, ela vai processar os dados de forma negativa e responder de forma negativa, gerando uma cadeia de comportamentos negativos. “O trabalho terapêutico”, explica Herminia, “consiste em interromper o ciclo em algum momento da cadeia, e se faz isso com a introdução de pensamentos positivos, dando início a um ciclo positivo. Essa é a essência do tratamento psicológico comportamental e utilizado por qualquer corrente psicológica”.
Assim, para Herminia, a teoria comportamental não é um modismo, mas “o que existe são oportunistas, pessoas que querem ter sucesso a todo custo e deturpam o verdadeiro e profundo trabalho psicoterápico. Pegam parte da teoria e prática de uma forma simplista e sensacionalista, e banalizam um instrumento, que é muito sério”.
Essa distinção parece ser fundamental para se entender a questão. Como tantas outras coisas na vida moderna, existe o trabalho sério, de pesquisa, e aquele que se torna o preferido “do momento”.
A bióloga e astróloga Cinira A. Palotta lembra que a notoriedade do assunto começou ainda antes do livro de Norman Vincent Peale, mais exatamente em 1937, com o livro Pense e Enriqueça (Ed. Record), de Napoleon Hill. Mas recua as origens do tema para mais de 5 mil anos, quando os gurus indianos já alertavam para o fato de que nossa mente cria nossa realidade. “Inclusive”, ela diz, “as práticas avançadas de ioga buscam limpar a mente de ‘programas mentais’ negativos”.
No entanto, ela lembra que os mestres indianos alertam para dois aspectos que são fundamentais e para os quais obras como O Segredo não alertam. Um aspecto é que, para se ter um trabalho eficaz com a mente é preciso ter métodos corretos para discipliná-la. Outro é que é preciso saber a diferença entre vontade e desejo; os desejos mudam como o vento; já a vontade vem do espírito, da alma. O desejo vem da mente indisciplinada.
Ela dá um exemplo. “Uma coisa é minha vontade de ser feliz no amor, outra coisa é o meu desejo de namorar o João. Se eu usar métodos corretos de trabalho com a mente para procurar ser feliz no amor, poderei consegui-lo. Mas se eu usar qualquer método mental para conseguir namorar o João – coisa que é apenas um desejo de minha mente indisciplinada – posso até consegui-lo e, depois de uns meses, me arrepender. Esse assunto é extremamente complexo, pois para aprendermos a diferenciar desejo de vontade há um longo caminho de autoconhecimento e disciplina mental a ser trilhado”.
Cinira ainda faz referência à PNL, a Programação Neurolinguística, um método de trabalho mental desenvolvido nos anos 1970, e que descobriu em suas pesquisas que, por mais que você deseje algo ou tenha vontade de algo, se há em sua mente traumas e crenças negativas a seu próprio respeito e a respeito da vida, de nada adiantará mentalizar, pois os bloqueios inconscientes irão sabotar a tentativa de atingir os objetivos.
Voltando ainda à questão de nossas ações, Cinira diz que “a simples prática do pensamento positivo funciona tanto quanto água com açúcar. Exemplificando: imaginemos uma pessoa que pensa positivo, sai de casa pela manhã dizendo a si mesma que terá um ótimo dia, que fará um bom trabalho etc. Então, no primeiro aborrecimento, já se exalta, irrita-se, xinga. Chega ao trabalho e começa a falar mal da colega, envolve-se em fofocas, e por aí vai. De que adiantou ela ter pensado positivo? Nada. Então, para mim, o importante não é pensar positivo, mas ser positivo, o que é diferente. Por isso, é importante trabalhar no sentido do autoconhecimento, de desenvolver nossa consciência lúcida”.
Imagem: Dulce Villada/ Pixabay.
Parece haver um sentimento generalizado de que muito do que é apresentado popularmente nos livros best-seller como pensamento positivo não cobre sequer uma pequena parte da questão.
Arnaldo T. Santos, da Confraternidade Rosa+Cruz, disse que “sem dúvida, existe um fundo de verdade acerca do pensamento positivo, mas muito do que se difunde sobre isso é fantasia. As ideias fantasiosas relativas ao pensamento positivo sempre existiram. Atualmente, em função de acentuada propaganda na divulgação de livros sobre o tema, o assunto transformou-se em modismo”.
Ele alerta para o fato de que a noção de “positivo” é relativa, pois pensar positivamente em conseguir algo poderia ser “negativo” para outra pessoa que visasse ao mesmo fim. “Muitas pessoas”, diz Arnaldo, “entendem que ‘pensar positivo’ é fazer todo o universo conspirar e trabalhar a seu favor, cabendo a elas simplesmente desejar. Não há dúvida de que por trás de toda realização há um pensamento, mas sem ação efetiva não há resultado. Nosso pensar positivo, no sentido de termos a certeza interior de que conseguiremos algo que desejamos, deve sempre estar de acordo com leis superiores para produzir resultados efetivos. Por exemplo, se jogarmos uma pedra para cima, ela cairá sobre nossa cabeça e não haverá pensamento positivo no mundo que desafie a lei da gravidade”.
“Do ponto de vista místico”, conclui Arnaldo, “nosso pensar deve sempre estar de acordo com as leis divinas superiores. Dessa forma, nosso pensar deve sempre ser eticamente justificável, tendo como padrão os ditames da consciência. Se estivermos em consonância com essas leis, o pensamento positivo funciona, não porque o universo está aos nossos pés, mas porque vivemos e pautamos nossas ações de acordo com as referidas leis”.
Apesar de nem sempre serem bem recebidos no meio científico, alguns conceitos desenvolvidos pelo físico indiano Amit Goswami são frequentemente citados para explicar o pensamento positivo, entre outras questões mais amplas como o relacionamento entre mente e cérebro, ou mente e corpo.
A jornalista e professora de mitologia universal e filosofia oriental, Marilu Martinelli, é uma das inúmeras de pessoas que veem profundidade nos questionamentos de Goswami. “Nós sabemos”, ela explica, “que pensamento é energia e que o universo é autoconsciente, como afirma o físico Amit Goswami. As energias interagem e tudo o que existe se expressa inteligentemente. Os pensamentos são movimentos da energia da mente e são capazes de influenciar nossa biologia, o ambiente em que vivemos e a realização de nossos projetos e intenções. Não se trata de modismo, mas de descobertas científicas que confirmam o poder criador e criativo da mente”.
“Atualmente”, prossegue Marilu, “os físicos quânticos têm se detido na consciência como criadora, e a medicina psicossomática afirma por constatação científica o quanto a negatividade e, especificamente, a depressão, podem enfraquecer o sistema imunológico das pessoas. Sob o efeito da negatividade, o cérebro produz menos neurotransmissores, as glândulas produzem menos hormônios, o sangue se torna mais viscoso e menos fluido. Enfim, o pensamento negativo altera toda a bioquímica corporal. O pensamento positivo, por sua vez, age no fortalecimento da imunidade a doenças e também na cura das mesmas”.
Jayme Roitman diz que é preciso tomar cuidado com o que chama de “a ditadura do pensamento positivo. A imposição de que se pense positivamente a respeito de tudo. Discordo dessa postura. Há certas situações em que o mais verdadeiro é pensar realisticamente. Exemplo: o desemprego no mundo vai aumentar em 2009. E, algumas vezes, ser pessimista é o mais correto. Por exemplo: a corrupção no País vai demorar para ser extinta; ou, nos próximos anos, meu time, Santos F.C., não vai ter o mesmo nível que aquele da década de 1960, comandado por Zito, Pelé e companhia”.
Roitman também levanta algumas questões que devem ser consideradas, e que são muito parecidas com o que disse Herminia Prado Godoy e outros entrevistados. Ele diz que, antes de afirmar que o pensamento positivo atua e transforma diretamente a realidade, é preciso levar em conta outras hipóteses explicativas. “Existem vários motivos pelos quais o pensamento positivo pode funcionar. Nos eventos mais prováveis de acontecer, o pensamento positivo pode funcionar à medida que ele propicia mais motivação e autoestima ao sujeito”. Também existem várias situações na vida em que estar inseguro favorece o fracasso, e o pensamento positivo tende a aumentar a sensação de segurança. Ele também pode fazer com que a pessoa tome atitudes, inclusive inconscientemente, que favoreçam a realização de eventos desejados. “Eventualmente”, diz Jayme, “tais atitudes não ocorreriam sem o pensamento positivo”.
Em outras situações, segundo explica Roitman, o pensar positivamente pode minimizar comportamentos e atitudes indesejáveis, como também aliviar a dor emocional, angústia, ansiedade ou medo. “Isso, por si só, já é um efeito importante, embora na maioria das vezes o resultado seja de curta duração. Para uma resolução mais definitiva, recomenda-se o trabalho terapêutico, ou seja, psicoterapia com psicólogo ou psiquiatra, em busca do entendimento da significação de tais emoções, comportamentos e atitudes”.
“Ao pensar positivamente”, prossegue Jayme, “é possível acreditar que algo que parecia ‘impossível’ (por exemplo, encontrar um grande amor) possa realizar-se; então, começo a cuidar mais de mim, de minha aparência e me torno mais agradável e receptivo a situações novas”. E ainda, se a pessoa pensa positivamente e comunica isso, pode gerar empatia das pessoas que estão em volta, que, por sua vez, vão colaborar para a realização do desejado.
“Por exemplo, eu, Jayme, posso estar preocupado em não ser rejeitado por uma parte dos leitores da Sexto Sentido que, eventualmente, acreditam radicalmente nas orientações de O Segredo. Então, declaro que estou pensando e desejando fervorosamente que os leitores que não concordam comigo, mesmo assim admirem minhas ideias. Talvez, para alguns deles, o fato de saberem que estou pensando positivamente (como eles costumam fazer) facilite a admiração de meus outros pensamentos, mesmo não concordando com eles”.
Apesar de apresentarem pontos de vista diversos, todos parecem concordar que uma coisa é o estudo sério do assunto, até mesmo com uma aproximação científica; e outra, completamente diferente, é o “modismo”, a apresentação do tema de forma simplista e, sobretudo, consumista, que pretende mostrar o pensamento positivo como uma fórmula mágica para transformar sua vida para melhor.
Antes de pensar “positivo”, é preciso pensar com clareza, pesquisar muito e distinguir o que é apenas um modismo daquilo que é uma postura mais digna, complexa e séria.