Entrevista
EM BUSCA DA GNOSE
Autor |
Gilberto Schoereder |
|
24/06/2017 |
É provável que o gnosticismo nunca tenha sido tão comentado quanto na época em que o filme Matrix foi lançado. Mas existem muitas formas de se entender a gnose, e conversamos com o estudioso John Lash para conhecer melhor o assunto.
Conhecida por alguns como Gnosticismo, a gnose é um dos caminhos espirituais mais comentados e, talvez, entre os menos compreendidos. Historiadores e seguidores do antigo conhecimento dão versões diferentes tanto para o surgimento da gnose quanto para sua compreensão.
Para apresentar uma postura gnóstica bastante independente, livre de rituais e hierarquias, conversamos com John Lash, do site metahistory.org. Estudioso de mitologia, tantra, mistérios pré-cristãos e alquimia, Lash defende uma visão bastante aberta e independente da gnose.
Ele afirmou que nenhum estudioso vai dizer o mesmo que ele a respeito da gnose e sobre os Mistérios, uma vez que os especialistas que escrevem sobre o assunto não têm experiência das realidades místicas, xamânicas e paranormais. “Ou, se têm”, explica John Lash, “não a admitem. Eu me encontro numa situação paradoxal. Normalmente, em qualquer campo em que um escritor esteja trabalhando, espera-se que ele tenha experiência direta. Se eu escrever sobre exploração do Amazonas, por exemplo, espera-se que eu tenha estado lá e navegado no rio, encontrado os nativos, etc. Minha experiência me qualifica a escrever sobre o assunto. Com o misticismo, ocorre o oposto: se eu admitir que tive experiências místicas, eu sou suspeito de estar iludido. Minha experiência me desqualifica e desacredita. É loucura, mas os estudiosos que não têm qualquer tipo de experiência mística controlam a pesquisa e discussão sobre gnose”.
Lash diz que começou a ter experiências místicas espontâneas aos quatro anos e, aos 16, teve uma intensa experiência com kundalini que durou vários meses. Ao longo de sua vida, teve sonhos lúcidos e projeção astral.
Conversamos com John Lash por e-mail para que ele nos explicasse com mais detalhes sua visão da gnose, inclusive sobre os seres conhecidos como arcontes, destacando que ele mesmo alertou para o fato de que as questões envolvendo a gnose são complexas e não podem ser resumidas em uma matéria.
Alguns historiadores dizem que o Gnosticismo é um sincretismo, tendo surgido na Alexandria, que era o centro cultural do planeta na época. Assim, o Gnosticismo teria influências de praticamente todas as religiões então conhecidas. No entanto, li em uma entrevista que você identifica o Gnosticismo com o xamanismo, tendo surgido na Pérsia por volta de 6.000 a.C.
Eu rejeito a visão da maioria dos historiadores de que o Gnosticismo se originou na mesma época das primeiras evidências textuais sobreviventes – por volta do ano 150. Para mim, esses documentos (como os de Nag Hammadi) representam o “fim” da tradição gnóstica, e não sua origem. O gnosticismo sincrético de Alexandria e do Levante era a fase final e decadente de uma antiga tradição pré-cristã (N.E.: Levante é a antiga denominação da região de localização não muito precisa no Oriente Médio, entre o Mediterrâneo e as Montanhas Taurus, e o deserto da Arábia, ao sul).
Evangelho de Tomas, um dos Manuscritos de Nag Hammadi, descoberto em 1945. Para John Lash, eles representam o fim, e não o início da tradição gnóstica.
Os primeiros estudiosos admitiram uma distante origem pré-cristã para o Gnosticismo, mas essa visão agora é desconsiderada. Contudo, eu localizei a origem do movimento gnóstico na Ordem dos Magos, os sacerdotes do antigo Irã, por volta de 6.000 a.C. Os primeiros sacerdotes eram xamãs que degeneraram em autoridades religiosas e manipuladores sociais. Os gnósticos preservaram o verdadeiro caminho do xamanismo e desenvolveram um programa para orientação e educação, independentemente dos jogos de poder.
A gnose era baseada nas práticas xamânicas (“técnicas arcaicas de êxtase”, como Mircea Eliade as chamou), que davam aos antigos iniciados profundo conhecimento do cosmo e da psique humana. Agora que nós entendemos muito bem a natureza do xamanismo, é fácil ver como os videntes gnósticos eram semelhantes, por um lado, aos iogues hindus e mahasiddhas e, por outro, aos ayahuasqueros da Amazônia.
Você disse não gostar do termo Gnosticismo. Você poderia explicar isso melhor para nós?
Gnosticismo é uma construção de estudiosos que não tiveram experiência mística. O “ismo” carrega noções espúrias que ocultam a verdadeira natureza do antigo caminho gnóstico. Gnosticismo é um rótulo, mas gnose é uma busca eterna. A gnose é a sabedoria excepcional ou transcendente que nós adquirimos ao desenvolver nous, a divina inteligência.
Eu estou interessado na verdadeira prática da gnose, aqui e agora, não na explicação dos estudiosos vinculada ao Gnosticismo. Por meio da gnose nós podemos nos tornar antropólogos do Divino e aprender diretamente sobre Deus, o cosmo, etc. Desse modo, eu prefiro me referir a “ensinamentos gnósticos” e não a “gnosticismo”. Nenhum conhecedor ou estudioso pode definir gnose, se ele não tiver evidência direta e pessoal da experiência mística ou xamânica.
Você acredita na possibilidade de que antigos relatos das mitologias de vários povos, referindo-se a deuses que vieram dos céus, podem ter relação com o que os textos gnósticos diziam sobre os Arcontes? Por exemplo, Zecharia Sitchin citava os annunaki, que teriam surgido na Suméria vindos de nosso próprio sistema solar.
Antigos mitos sobre deuses que vieram do céu têm de ser colocados em duas categorias: histórias sobre os arcontes ou annunaki e outras raças não terrestres; e histórias sobre “os primeiros homens que desceram à Terra nos primórdios de sua evolução”. Em alguns casos, os “deuses” descritos nesses mitos são seres não humanos, mas em outros casos eles são seres humanos, nossos mais antigos ancestrais. Devemos ser extremamente cuidadosos em fazer essa distinção.
Selo da Acádia datando de cerca de 2.300 a.C., mostrando três deuses annunaki: Inanna, Utu e Enki. John Lash relaciona os annunaki com os arcontes.
A situação é complicada porque a segunda categoria, “a parte masculina da humanidade”, não se desenvolveu originariamente na Terra, mas no espaço, em Órion. A parte feminina da humanidade originou-se na Terra. O modelo completo da humanidade, o anthropos, foi “semeado” a partir do centro galáctico, por panspermia (N.E.: teoria segundo a qual microrganismos se encontram presentes no espaço, sendo capazes de dar início à vida ao atingirem um planeta adequado), mas a metade feminina se desenvolveu com a Terra desde seu início, com a metade masculina chegando ao planeta posteriormente.
Esse é um ensinamento secreto acerca da “divisão dos sexos”, ensinada nos Mistérios Ocidentais. Consequentemente, alguns deuses descendentes eram na verdade proto-humanos. Até onde posso dizer, o cenário de Sitchin se refere aos arcontes. Então, annunaki = arcontes. Passagens dos códices de Nag Hammadi descrevem a mesma atividade dos annunaki encontradas nas tábuas sumérias. Mas além de descrever a atividade dos annunaki-arcontes, os ensinamentos gnósticos também explicam a origem, a motivação e os métodos desses extraterrestres, e como resistir à sua influência.
O material de Sitchin é totalmente válido em alguns pontos, mas é fraco de duas formas: ele não apresenta uma explicação convincente sobre a origem dos annunaki, e não descreve como eles se parecem.
Segundo diziam os discípulos de Simão Mago – tido por alguns como o mais antigo dos gnósticos – o deus supremo havia produzido por emanação um princípio feminino, do qual, por sua vez, nasceram os anjos; e estes anjos é que modelaram o mundo visível. Esses anjos seriam seres inferiores que, com inveja da mãe, a arrastaram para a Terra, forçando-a a suportar encarnações degradantes.
Parece que esse conceito entra em choque com o que você pensa a respeito do assunto, pois mantém o conceito judaico-cristão de um deus masculino. É isso?
Esse conceito é o mesmo daquele que diz que a Terra é obra do Demiurgo, ou Iadalbaoth, ou são coisas diferentes? O Gnosticismo entende que a Terra, o mundo material, não é criação de Deus? Por seus textos, eu entendi que sua postura não aceita a existência de um Demiurgo. E mais, os anjos aos quais se referem alguns textos seriam os arcontes?
O confronto de Pedro com Simão Mago (Avanzino Nycci, 1620). Para Lash, Simão Mago não foi o mais antigo gnóstico, mas um dos últimos.
Isso levanta algumas questões complicadas. Existe muita confusão em torno desses assuntos devido à desinformação e equívocos ligados aos Mistérios. Simão Mago não foi o mais antigo gnóstico, mas um dos últimos sobreviventes. Ele é o mais antigo iniciado dos Mistérios Levantinos cujo nome é conhecido porque ele foi a público protestar contra a cristandade. Muitos dos iniciados permanecem anônimos. Considere essa paráfrase dos ensinamentos dos Mistérios sobre a criação:
“A deusa Sophia, uma emanação do Pleroma (Deus Supremo), agiu de uma forma incomum e produziu ‘os anjos’ (arcontes), uma espécie aberrante. Essas entidades não são ‘os arquitetos do mundo material’, pois a Terra em que habitamos é uma transformação da própria deusa: é seu corpo, transformado num planeta. Os arcontes, ou anjos desviados, são cyborgs do sistema planetário no qual a Terra foi capturada, mas não da Terra. Os anjos desviados não têm inveja de Sophia, mas da humanidade, porque nós temos o que eles não têm: inteligência divina. Eles tentam cegar e enganar a humanidade com a religião, especialmente as doutrinas do pecado e da salvação. O líder dos anjos arcontes é Jeová, o Deus Pai. Essa é uma entidade alienígena, um deus impostor, o Demiurgo” – isso é o que os gnósticos alegam, inclusive Simão Mago.
Para os gnósticos e os videntes iluminados dos Mistérios, a Terra é a expressão sagrada da Deusa. Todo o mundo material dos sentidos é insuflado com a presença da divina Sabedoria, Sophia. O Demiurgo não criou o mundo material, mas ele quer nos fazer acreditar que criou. A religião impõe a crença de que o chefe dos anjos arcontes desviados criou este mundo. Os gnósticos refutam essa crença.
Já se falou que esse tipo de conceito a respeito da verdadeira natureza do mundo está relacionado com conceitos originários da Índia. É correto afirmar isso? Qual a relação entre eles? Em outras palavras, parece que se vê uma inversão da situação apresentada pelo Cristianismo. Iadalbaoth/Demiurgo queria que os seres humanos ficassem na ignorância e, para isso, criou o tabu sobre a árvore da sabedoria. Mas Sophia enviou a serpente e, dessa forma, obtendo sabedoria, o homem pode combater Iadalbaoth.
O conceito indiano de maya não significa ilusão, mas a manifestação, a aparência tomada pelo que é real. Da forma que eu entendo as escolas tântricas, o mundo é uma manifestação real, como um sonho vívido. Não é uma ilusão a ser dissolvida ou uma prisão da qual escapar. Nós somos limitados não pelo mundo material, mas pelo condicionamento de nossas mentes e sentidos. A gnose é um processo de descondicionamento que nos permite perceber a sublime realidade de nosso mundo e a magia de nossa própria existência.
Os gnósticos inverteram o mito bíblico da queda. Eles ensinam que Iadalbaoth e os anjos desviados querem impedir a humanidade de perceber a realidade, percebendo o mundo como ele realmente é, infinito, misterioso, cheio de maravilhas. Sophia ajuda a humanidade dando-nos a chance de ter visões iluminadas (ou heightened awareness, consciência intensificada, como Castañeda a chamou). Nossa percepção sensorial é intensificada pela kundalini, a serpente do Jardim do Éden. A serpente é a aliada de Sophia. Paradoxalmente, nós precisamos ser iluminados para ver a verdadeira natureza do mundo sensorial. O mundo não é um véu de ilusões, mas uma projeção mágica da imaginação divina. Os gnósticos não sustentam a visão negativa de maya típica da metafísica indiana. A rejeição do mundo foi falsamente atribuída aos gnósticos por seus inimigos, os Pais da Igreja e, depois, por estudiosos que têm a estúpida arrogância de escrever sobre coisas que eles nunca viveram.
Também se falou que, quando o Pai envia Cristo para salvar a humanidade, é Iadalbaoth quem instiga os judeus a matá-lo. Existe referência a isso no Gnosticismo? Como complemento, nos livros de ficção científica de Philip K. Dick – de quem já se disse que tinha uma aproximação muito grande com o Gnosticismo – ele já citou, em forma de fantasia, é claro, que a frase de Jesus na cruz – “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem” – era uma referência à ignorância em que se vivia neste mundo, sem ter o conhecimento completo da realidade. Isso é correto?
Deus Convidando Cristo a Sentar-se no Trono, à Sua Direita (Detalhe. Pieter de Grebber, 1645). John Lash diz que Jeová, o Deus Pai, é o líder dos arcontes – os anjos desviados ou cyborgs do sistema planetário no qual a Terra foi capturada.
Sim, existe um texto de Nag Hammadi que apresenta um cenário como esse. No entanto, nem todos os textos de Nag Hammadi são completa ou genuinamente gnósticos. Grande parte do material de Nag Hammadi representa uma versão tardia, misturada e um tanto decadente dos ensinamentos dos Mistérios. Mescla crenças cristãs com ensinamentos gnósticos parcialmente compreendidos. Às vezes, é quase impossível separar essa tapeçaria confusa.
Na visão de iniciados como Simão Mago, Jesus não morreu para salvar o mundo. Ninguém pode fazer isso. A gnose é um caminho de iluminismo que não requer ou glorifica o sacrifício. O conceito de absolvição é puramente cristão, mas os gnósticos eram pagãos que não abraçavam esse conceito. Os gnósticos não propunham que fôssemos perdoados por nossa ignorância. Isso é uma perda de tempo. Nós todos temos a responsabilidade e a capacidade de superar a ignorância. O caminho da iluminação não revela a verdadeira realidade que se esconde “por trás” ou “além” das aparências do mundo material; ele revela a verdadeira realidade “dessas” aparências.
A presença da divina Sophia permeia o mundo sensorial. Para os gnósticos, as sensações do corpo humano são essencialmente sagradas. O problema é que nós não experimentamos de fato a realidade nua e crua de nossas próprias sensações. Se o fizermos, vamos experimentar o Divino.
Cristo nunca salvou ninguém. A crença na salvação “do alto” (além da humanidade) é um implante ideológico dos arcontes, os anjos desviados. Os gnósticos advertem que isso é uma mentira perversa. O Christos gnóstico, uma forma distinta do Cristo do Catolicismo, é um revelador, não um redentor. O que nos salva é o conhecimento. Não há valor remitente no sofrimento. Frequentemente, é inútil e não nos ensina coisa alguma. Não pode ser compensado por algum plano divino conduzido por autoridades paternais. Essa é a radical mensagem gnóstica.
Hoje em dia parece haver muitas pessoas e grupos falando sobre Gnosticismo e gnose, ou afirmando-se gnósticos. Existe um exagero ou modismo nesse sentido? Como definir os verdadeiros gnósticos e evitar os grupos que se aproveitam do momento?
Complementando: hoje em dia se fala muito sobre o uso de drogas como forma de se atingir o êxtase, e mais ainda, sobre xamanismo. No Brasil, talvez o trabalho mais conhecido seja o de Terence McKenna. Você acredita que essas práticas ainda são possíveis hoje em dia, tendo em vista a postura contrária e criminalizante do Estado, e com o medo generalizado relativo ao uso de qualquer tipo de droga? É possível atingir o êxtase gnóstico sem uso de drogas?
Sim, está havendo algum tipo de renascimento. Eu não estou envolvido com nenhum desses grupos. Pessoalmente, penso que a gnose pode ser praticada por indivíduos em pequenos grupos ou amigos, sem precisar fundar igrejas, rituais, regras e assim por diante. Essencialmente, a gnose é xamanismo experimental ilimitado. É um caminho livre de organizações institucionais, ritos, sermões e outros jogos religiosos.
O trabalho de R. Gordon Wasson, Albert Hofmann e outros, mostra que os antigos Mistérios envolviam o uso ritual de plantas psicoativas, como o kykeon dos Mistérios Eleusinos. Robert Graves foi uma das primeiras pessoas a demonstrar que o xamanismo europeu era enteogênico, usando plantas de ensinamento sagradas (N.E.: a palavra em inglês, entheogenic, foi criada em 1979 por um grupo de etnobotânicos. Segundo eles, são designadas como enteogênicas apenas as drogas indutoras de visões e que tivessem sido utilizadas em rituais xamânicos ou religiosos. No entanto, num sentido mais livre, o termo também é aplicado a outras drogas, naturais e artificiais, que induzem alterações de consciência similares àquelas documentadas na ingestão ritual dos enteogênicos tradicionais. Uma tradução livre da palavra poderia significar “aquilo que induz uma pessoa a estar em Deus”).
Isso está de acordo com a minha visão da gnose como tendo se desenvolvido a partir de uma forma pré-histórica de xamanismo.
As plantas sagradas psicoativas não são drogas. Terence diz: “A mensagem psicodélica é uma mensagem antidrogas”. Álcool, tabaco e a medicina prescritiva são drogas que matam e incapacitam milhões de pessoas. Não existe evidência clínica ou médica de que plantas psicoativas, incluindo os cogumelos mágicos, nos causem qualquer tipo de prejuízo, física ou mentalmente. Essas plantas são ilegais porque o uso delas liberta as pessoas dos condicionamentos sociais e faz com que se virem contra o Sistema, a Igreja, o governo, etc. As plantas sagradas nos mostram a falsidade do mundo humano.
Eu não sou totalmente contra o uso de drogas para a prática gnóstica. Mas a prática ritual com plantas psicoativas tem sido feita pela espécie humana por milhares de anos. Essa prática não pode ser erradicada sem destruir a própria espécie. Sempre vai continuar, de uma forma ou de outra, mesmo que seja proibida pelas autoridades, que temem perder o controle das pessoas cujas mentes são despertadas pelas plantas.
O mitólogo Mircea Eliade, autor do livro clássico sobre xamanismo (O Xamanismo e as Técnicas do Êxtase. Martins Fontes Editora), inicialmente disse que o uso de plantas psicoativas era decadente. Próximo ao fim de sua vida, ele mudou de ideia. Eliade admitiu que o uso ritual de alucinógenos foi essencial ao xamanismo verdadeiro, são.
Atingir o êxtase gnóstico com plantas sagradas é uma disciplina de elite que nada tem a ver com o uso recreativo de drogas como MDMA (metilenodioxidometanfetamina, mais conhecida como ecstasy), ou comer cogumelos mágicos em situações sociais como raves e concertos de rock.
O que os gnósticos diziam sobre a maneira de nos livrarmos da influência dos arcontes? Que procedimentos ou posturas são necessárias para executar essa tarefa?
Encontrando os arcontes em sonhos lúcidos ou projeção astral, você pode se defender com “passes mágicos” como os que Castañeda propôs, ou com mudras e movimentos de corpo que se parecem com as artes marciais. Pratique movimentos de mão antes de cair no sono, de costas na cama. Apenas experimente e veja qual a sensação quando você faz certos mudras, posicionando suas mãos sobre o peito e a garganta. O efeito dos mudras defensivos é imediato e não pode ser analisado ou orquestrado. Para ação ofensiva, use respiração profunda e a força da raiva, da fúria assassina. Eu costumo dizer aos intrusos: “É melhor que você saiba onde se esconder!” E eles vão embora e se escondem. Você tem de ameaçar intrusos psíquicos, mas você precisa ser capaz de fazer com que suas ameaças tenham efeito. Como na vida real, você tem de estar disposto a matar psiquicamente, para se defender psiquicamente.
A melhor proteção contra os arcontes é a kundalini despertada. Quando incitada, o Poder da Serpente produz um selo de proteção luminoso. Os gnósticos ensinavam que nós podemos repelir os arcontes dizendo a eles que nós sabemos quem eles são – ou seja, nós conhecemos a história da humanidade e sua conexão com a deusa da sabedoria, Sophia.