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OS LIVROS RACIONAIS

Autor Gilberto Schoereder
07/12/2020

A Cultura Racional, nascida no Brasil, baseia seu conhecimento em uma biblioteca com 1.000 livros, canalizados por seu fundador, Manoel Jacintho Coelho.


(Foto: FreeImages.com/ Jean Scheijen).

Quem já estava no mundo nos anos 1970 certamente deve se lembrar do Tim Maia vestido inteiramente de branco e falando sobre a Cultura Racional, o que inclusive gerou os álbuns Racional e Racional Volume 2, lançados em 1975 e 1976. Os que viviam em algumas cidades do Brasil – pelo menos em São Paulo era assim – devem se lembrar de ter passado por uma rua do centro da cidade e encontrar pessoas com roupas brancas, munidas de livros ou folhetos, propagando a filosofia Racional. Antecessores da atual onda de mensagens canalizadas e de muito do que ocorreu na chamada new age brasileira, os integrantes da Cultura Racional continuam na ativa.
Uma das características do movimento no contato com o público era que seus integrantes se mostravam bem menos agressivos na abordagem do que a maioria dos grupos da época, como os Meninos de Deus, verdadeiras pestes sorridentes, que paravam as pessoas na rua geralmente perguntando se queríamos comprar um pica-pau. Essa característica dos Racionais se mantém até hoje: se o número de adeptos aumentou, eles continuam tão discretos como no passado, apesar dos desfiles de bandas que promovem em algumas cidades.
Ao contrário de muitas linhas de pensamento atuais, quase não se ouve falar da Cultura Racional, e seus seguidores insistem em não se posicionar como religião, doutrina, seita ou filosofia, além de não se envolverem em política ou em polêmicas. Entendem ainda que não é bom aparecer muito ou ganhar dinheiro com o conhecimento. Com a violência que toma conta da sociedade devido à falta de bons pensamentos, segundo os racionais é importante procurar sempre melhorar, de dentro para fora – e a base para isso são os conhecimentos contidos no livro, ou série de livros, Universo em Desencanto, ditados pelo Racional Superior, uma entidade que pode ser chamada pelo nome que se desejar: Deus, Mente Universal, Força Maior, etc.
Mas a história da Cultura Racional começou bem antes da década de 1970, recuando a 1935, quando os conhecimentos que a compõem foram repassados para nós por meio de Manoel Jacintho Coelho, escolhido como representante do Racional Superior na Terra. Ele organizou esse conhecimento na forma de livros nos quais estão expostas as verdades sobre a formação do mundo e dos seres que nele habitam. As obras tratam da origem de tudo e explicam de que forma ocorreu uma degeneração da natureza, também indicando a maneira de se sair desse estado por meio do que foi chamado de “Imunização Racional”. São 21 volumes básicos, mas a literatura completa canalizada por Manoel Jacintho – que faleceu em 1991 – soma 1.000 volumes, ainda que muitos deles tenham poucas dezenas de páginas.

Segundo as informações ou “conhecimentos racionais” fornecidos pelos habitantes do Astral Superior, a origem de tudo o que existe se deu no Mundo Racional, criado pelo Racional Superior. Nesse local, os seres eram corpos compostos de energia racional, pura, limpa, perfeita. Esse mundo, que pode ser comparado a uma dimensão invisível à percepção comum, localizava-se na Planície Racional, onde viviam os Racionais. Uma parte dessa planície não estava preparada para progredir, mas mesmo assim alguns Racionais entraram no local e começaram a progredir por conta própria, o que causou uma deformação naquele setor da planície. Isso fez com que a região saísse do mundo racional e começasse a descer em uma espiral.
À medida que a deformação continuou, a planície desceu e assumiu forma material. Os seres foram perdendo as virtudes e, finalmente, acabaram se transformando naqueles que habitam a Terra até hoje. Para alguns pesquisadores, essa noção simplificada do início da vida e da Terra não difere muito do que é explicado na Bíblia sobre a formação do planeta, apenas mudando a simbologia. Da mesma forma, a explicação se refere à nossa provável origem extraterrestre e é comum a muitos pensamentos da chamada ufologia mística ou avançada.
As virtudes que os seres energéticos perderam enquanto se materializavam acumularam-se no espaço e formaram um foco luminoso, o Sol, que incidiu sobre a planície, esquentando-a cada vez mais e fazendo com que derretesse. Isso originou uma “goma”, que se transformou na água, e a uma “resina”, que originou a terra. Totalmente materializados e transformados, os seres que se encontravam na água deram origem ao sexo masculino, e os que estavam na terra, ao feminino.

Segundo as informações ou “conhecimentos racionais” fornecidos pelos habitantes do Astral Superior, a origem de tudo o que existe se deu no Mundo Racional, criado pelo Racional Superior. Esse mundo, que pode ser comparado a uma dimensão invisível à percepção comum, localizava-se na Planície Racional, onde viviam os Racionais (Foto: FreeImages.com/ Jeremy Doorten).

Para os integrantes da Cultura Racional ninguém tem espírito ou alma. A explicação que fornecem para os supostos contatos dos médiuns com os espíritos – assim como as canalizações de sensitivos e contatos mentais com seres extraterrestres – é completamente diferente da que estamos acostumados a ouvir. Eles entendem que os seres que não desejaram se materializar e conseguiram deter o avanço a que estavam submetidos constituíram uma civilização, à qual dão o nome de Civilização Astral Superior. Outros paralisaram a materialização posteriormente e constituíram a Civilização Astral Inferior. Assim, ambas existiriam no espaço, formadas por esses seres compostos de energia.
Os contatos aos quais o Espiritismo se refere seriam, então, com esses seres, que se materializaram na Terra assumindo a forma de espíritos de indivíduos mortos com o objetivo de provocar temor, uma vez que a civilização terrestre está causando uma destruição irrevogável na natureza do planeta. As religiões, seitas, doutrinas e filosofias que surgiram depois disso foram utilizadas por alguns como forma de domínio ou obtenção de poder, mas a verdade é que os espíritos não existem. Em parte para acabar com esse temor, em 1935 o Racional Superior chegou à Terra e forneceu os conhecimentos contidos no livro Universo em Desencanto. O próprio Jacintho, conforme nos explicam, é tido como um corpo de energia vindo diretamente do Mundo Racional e materializado no útero de sua mãe – portanto, já nasceu ligado ao Racional Superior.
Um dos alicerces da Cultura Racional encontra-se na glândula pineal, que teria sido formada durante o processo de materialização. No início, ela seria gigantesca, algo como uma “glândula pineal cósmica”, mas hoje encontra-se atrofiada. Teria vindo dela a energia que deu origem ao corpo humano – energia que as pessoas chamam de espírito ou alma.
Para a Cultura Racional, aquilo que a humanidade denomina raciocínio é, na verdade, o “habitante” do mundo racional, a energia racional que está materializada na pineal. Assim, todo conhecimento obtido através da leitura do livro canalizado por Manoel Jacintho tem como objetivo desenvolver o “habitante” na forma da glândula e não o ser humano propriamente dito. As influências ou irradiações provenientes do cosmo penetrariam no cérebro pelo espaço vazio existente entre a pineal e a hipófise – um espaço chamado de zona neutra. Essas influências vêm dos habitantes do astral superior, inferior e do astral térreo. Já a energia racional vai diretamente para o habitante, com o objetivo de desenvolver a glândula pineal a ponto dela se desmaterializar e, assim, retornar ao Mundo Racional. Em poucas palavras, o chamado “habitante” é visto como uma entidade completamente distinta do ser humano.

O "código energético" tem como função estimular a pineal e despertar a "imunização racional", vinda de outras dimensões (Foto: FreeImages.com/Dan Neacsu).

Diz-se que a Cultura Racional é o próprio livro Universo em Desencanto, de modo que a sua leitura é suficiente para realizar o trabalho a que se propôs. Segundo alguns membros, o texto contém um “código energético” que tem como função estimular a pineal do leitor através dos nervos ópticos. A pineal está relacionada com o desenvolvimento da consciência e, geralmente, é conhecida como terceira visão – ou “vidência racional” para os que estudam a Cultura – e seria por meio dela que dons paranormais como a clarividência, telecinese, etc., se desenvolveriam.
Esse processo, que não deixa de ser uma cura, estimularia o raciocínio sutil da glândula pineal em uma energia conhecida como “imunização racional”, vinda de dimensões superiores à nossa – justamente a Planície Racional, o centro de energia primordial do universo. Assim, basicamente, o processo pretende despertar as pessoas para a verdadeira natureza do universo e levá-las de volta à Planície Racional e ao estado de pureza inicial.
O livro deve ser lido todos os dias, como se fosse mesmo um tratamento de cura. Parece claro que nem todos conseguirão ler os mil volumes, mas diz-se que pelo menos os 21 básicos devem ser lidos e relidos. Esses são conhecidos pelo nome genérico de Obra, após os quais existem outros 21 conhecidos como Réplica, 21 chamados Tréplica e os livros da coleção chamada Histórico.
Uma das críticas mais constantes aos textos apresentados diz respeito à forma como foram escritos, em um português muitas vezes precário, com frases desorganizadas. No entanto, os estudantes da Cultura afirmam que não se tratam de livros comuns, uma vez que seu objetivo é despertar o leitor através de vibrações específicas. Os sons encadeados formariam, na verdade, um código, que passa a atuar diretamente na parte do cérebro humano que se encontra paralisada.

Parece não haver dúvida de que a Cultura Racional antecipou a chamada Nova Era em alguns anos, especialmente no que se refere às canalizações e mensagens extraterrestres. Por outro lado, a noção sobre as funções da glândula pineal não é nova. Estudos esotéricos mais antigos já citavam suas atividades.
A própria Sociedade Teosófica falava a esse respeito 60 anos antes de Manoel Jacintho, e Helena Blavatsky baseou seus conhecimentos em textos muito mais antigos. A Teosofia afirmava que a pineal estava atrofiada desde o desenvolvimento dos olhos nos seres humanos e que, 25 milhões de anos atrás, na época da Terceira Raça Humana, teria sido uma glândula extremamente desenvolvida. Uma irradiação vinda de fora fez com que a pineal criasse um olho parietal que, por sua vez, perdeu-se na “queda do Éden” – momento em que os humanos começaram a se adaptar ao mundo material. Nos conhecimentos do Oriente, a glândula também está relacionada com o chacra frontal e é estimulada durante a meditação.
Segundo cientistas, uma das atribuições da pineal é inibir tendências emocionais, através do hipotálamo. O resultado dessa ação é que a pessoa deixa de se sentir apegada a pessoas, a lugares, ao tempo, enfim, aos aspectos materiais da vida. Assim, enquanto um bom número de cientistas entende que quaisquer sensações advindas desse procedimento e da eventual ativação da glândula sejam nada além de um resultado físico-químico, outros vêem na postura científica um reconhecimento das propriedades da pineal e sua capacidade de colocar as pessoas em estados diferenciados de consciência.
Mesmo fora do âmbito Racional existem pessoas que acreditam que a glândula esteja em vias de se desenvolver novamente, e que será através dela que o homem poderá adaptar-se a condições de vida muito diferentes das atuais, tanto na própria Terra como em outros planetas. Mais uma vez, essa noção está muito próxima das mensagens extraterrestres canalizadas em todo o planeta, que se referem a mudanças radicais na humanidade e no planeta.

Os seres do astral térreo teriam a capacidade de se materializar sob a forma de naves, com luzes de cores variadas, com formatos diversos ou mesmo assumindo a aparência de extraterrestres, como são descritos pelos que afirmam manter contato com tais criaturas (Foto: Estranhos Invasores. EMI Films/ Lone Wolf McQuade Associates).
 

Segundo a Cultura Racional, a influência que os seres do astral superior e inferior exerciam sobre a Terra teria cessado em 1935, exatamente o ano em que Manoel Jacintho recebeu a comunicação. Nessa época, os seres teriam parado de atender aos pedidos de contato feitos pelos terrestres – por meio de orações, médiuns, velas, cristais e muitas outras formas – e deram passagem aos habitantes do astral térreo.
Até então, estavam lapidando a humanidade para receber o conhecimento, mas a partir dessa data entraram em ação os seres que, apesar de também serem corpos energéticos, são magnéticos – ou seja, da própria Terra. Seu objetivo é liquidar o que conhecemos como seres humanos para passarmos à fase seguinte, a Fase Racional.
Segundo a cultura, os discos voadores ou OVNIs nada mais são do que manifestações desses seres, chamando a atenção da humanidade e preparando-a para entrar na nova fase. Esses seres do astral térreo teriam a capacidade de se materializar sob a forma de naves, com luzes de cores variadas, com formatos diversos ou mesmo assumindo a aparência de extraterrestres, como são descritos pelos que afirmam manter contato com tais criaturas. Esses ETs também teriam a capacidade de penetrar na “zona neutra” do cérebro e influenciar as pessoas, inclusive alterando sua concepção de realidade e fazendo-as ver coisas que não existem, colocando suas vidas em perigo.
A diferença entre as manifestações dos seres do astral superior – que sempre vêm em socorro da humanidade – e aqueles do astral térreo, é que os primeiros sempre surgem na forma de um corpo luminoso prateado. Segundo os estudantes da Cultura Racional, os que vêem OVNIs dessa natureza jamais se assustam. Pelo contrário, são atraídos para eles e, se fizerem pedidos, serão atendidos. Já os do astral térreo se materializam na forma de luzes que nunca são iguais às dos primeiros, e podem causar muitos problemas, como curtos em carros e aviões, em usinas hidroelétricas, etc. Também podem surgir na forma de animais estranhos e violentos, como o chupacabra, além de realizar abduções e mutilações de animais.
Sem dúvida, estamos pisando em terreno delicado aqui, uma vez que tais explicações não são aceitas com facilidade. Na verdade, chegam a ser condenadas como loucura pelos pesquisadores de OVNIs e rechaçadas por alguns grupos e seitas religiosas. E, é claro, cada qual diz ter acesso à verdade absoluta. Mas se o entendimento da Cultura Racional puder ajudar a descobrir mais um pedaço daquela verdade com ‘V’ maiúsculo que todos tanto procuram, vale a pena saber um pouco mais sobre suas propostas.

Para quem quiser mais informações:

www.culturaracional.com.br

 

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