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Presença Extraterrestre nos Textos Antigos

OS EXTRATERRESTRES NA SUMÉRIA

Autor Gilberto Schoereder
14/07/2022

Tida como a civilização mais antiga do planeta, os antigos textos da Suméria foram objeto de intensa especulação por parte dos defensores da teoria dos antigos astronautas.


Selo de um cilindro da Acádia, com deuses representados: Ea (correspondente ao deus Enki da Suméria), Isimud e Shamash (o sumério Utu), e a deusa Ishtar (a suméria Inanna) (The British Museum Collections).

Entre todas as considerações a respeito da possível presença de extraterrestres no passado da Terra, provavelmente nenhuma rendeu tantas discussões e tantas polêmicas quanto as que envolvem os seres conhecidos como anunnaki.
Vários pesquisadores falaram sobre o tema, em particular Zecharia Sitchin, cuja entrevista pode ser vista na matéria seguinte, Nossos Antepassados Extraterrestres (Veja também a entrevista com John Lash, Em Busca da Gnose, na qual ele fala, entre outras coisas, da relação entre os anunnaki e os Arcontes).
Historiadores e arqueólogos afirmam que os anunnaki eram os deuses da Suméria, também citados pelas nações que os sucederam na Mesopotâmia, como o Império da Acádia, a Assíria e a Babilônia. As informações sobre eles e seus cultos foram obtidas das placas de argila gravadas da Suméria e, principalmente, da Acádia. Segundo se diz, essas divindades eram descendentes dos deuses An e Ki; o primeiro, era o deus do céu; a segunda, a deusa da terra. O termo anunnaki significaria “a descendência de An” ou “a descendência nobre”. E o mais antigo dos anunnaki seria o deus do ar, Enlil.

                 Imagem de um apkallu, às vezes tido como o próprio Oannes (Desenhado a partir de baixo relevo no templo de Ninurta, em Nimrud).

Mas é claro que a versão fornecida por Sitchin e outros pesquisadores foi completamente diferente, a começar pela tradução do termo anunnaki, que para Sitchin significa “aqueles que do Céu para a Terra vieram”.
E é possível que essa busca por deuses-extraterrestres nas antigas culturas da Mesopotâmia tenha sido despertada quando Carl Sagan e Iosif Shklovsky (ver na matéria Revendo a História) citaram Oannes, tido como um apkallu ou abgal – termos encontrados respectivamente nas inscrições da Acádia e Suméria para indicar semideuses, com corpos metade de humanos, metade de peixes, que trouxeram conhecimentos para os povos da região.
Diz-se que Oannes surgiu do fundo do mar e chegou à cidade de Eridu, fornecendo aos sumérios a escrita e vários conhecimentos científicos e artísticos.

Possível representação de Gilgamés em um relevo de um palácio assírio em Dur Sarruquim; atualmente, no Museu do Louvre (713-706 a.C. Foto: Jastrow/ Wikimedia).

Quando Erich von Däniken começou a especular em torno do passado da Suméria, em 1968, ele concentrou sua atenção no texto A Epopeia de Gilgamés e na passagem que se refere ao dilúvio, que possivelmente foi a narrativa que originou o texto sobre o dilúvio apresentado na Bíblia. Os historiadores acreditam que Gilgamés foi um rei da Suméria, da cidade de Uruk, que posteriormente foi transformado em um deus ou semideus.
A história passou dos sumérios para os acadianos, e daí para os assírios e babilônios. Segundo Däniken (em Eram os Deuses Astronautas?), a primeira das placas de argila encontradas em Nínive, a maior cidade da Assíria (hoje Iraque), dizia que o herói Gilgamés construiu um muro em torno de Uruk, e que o “deus do céu” residia em uma casa elevada. O próprio Gilgamés é apresentado como sendo uma mistura de “deus” e homem, o que levou Däniken a levantar a questão do cruzamento entre deuses e homens que existe na Bíblia, ao referir-se ao nefilim.
A epopeia envolve uma série de aventuras fantásticas, entre elas uma visita ao local onde moravam os deuses, uma viagem pelo espaço, de onde ele observa a Terra abaixo, e o encontro com Utnapishtim, que lhe conta a história de um dilúvio que inundou a terra, e que apresenta imensas semelhanças com a narrativa bíblica, o que levou os historiadores a acreditarem que esse era o relato original. Zecharia Sitchin lembra que, nessa história original, não é apenas um deus envolvido nos eventos, mas uma variedade deles.

A tábua 11 da Epopeia de Gilgamés, narrando o dilúvio, encontrada na Biblioteca de Assurbanípal, em Nínive (Assíria), do século 7 a.C., atualmente no Museu Britânico (Foto: BabelStone/ Wikimedia).

Em seu segundo livro, De Volta às Estrelas (Zurück zu den Sternen: Argumente für das Unmögliche, 1969), Däniken falou brevemente sobre os “deuses” da Suméria, ainda que sem a complexidade e o alcance que as especulações de Sitchin atingiram. Däniken diz que “(...) os textos sumerianos não falam indefinida e nebulosamente de seus ‘deuses’; dizem claramente que o povo, outrora, os havia visto com seus próprios olhos. Seus sábios estavam convencidos de ter conhecido os ‘deuses’, que realizaram grandes obras”. Ele lembra que esses deuses ensinaram a escrita e orientaram sobre a forma de obter metal – e, segundo Däniken, a tradução da palavra sumeriana para metal quer dizer “metal celeste”. E, também, que os registros da Suméria dizem que “(...) novos homens teriam resultado de cruzamentos entre deuses e filhos da Terra”.
Däniken diz que o deus Enlil engravidou diversos seres humanos, e na cidade de Nipur ele violentou e engravidou Ninlil. Sitchin leu os textos que se referem a essa violação, e diz que a jovem chamava-se Sud, e apenas depois que eles se casaram Enlil lhe deu o nome de Ninlil, que Sitchin traduziu como “senhora do espaço”. Däniken diz que era uma resolução dos “deuses” exterminar os produtos de vida impura sobre a Terra, e cita uma tradução decifrada pelo sumerólogo Samuel Noah Kramer (1897-1990), autor do famoso A História Começa da Suméria (History Begins at Sumer, 1956), que diz: “Para exterminar a semente da humanidade, o conselho dos deuses tomou a resolução. Conforme as palavras de Ana e Enlil... Seu domínio terá fim...”.
A relação com passagens bíblicas está presente em toda parte dos textos sumérios, mas as traduções são sempre um ponto de discórdia.

Segundo Zecharia Sitchin, os anunnaki viriam de um hipotético planeta que ele chamou de Nibiru, que entraria em nosso sistema solar a cada 3.600 anos (Foto: gabriel77/ FreeImages).

Para Sitchin, os anunnaki citados nos antigos textos da Mesopotâmia, eram os mesmos seres que os nefilim citados na Bíblia, mas ele entendia que esses seres, extraterrestres, vinham de um planeta que ele denominou Nibiru, que tem uma órbita de tal forma que faz com que ele entre no nosso sistema solar a cada 3.600 anos. Ele também disse que havia um planeta entre Marte e Júpiter, que ele chamou de Tiamat – que também é o nome atribuído a uma deusa da criação, da mitologia mesopotâmica, descrita no texto chamado Enuma Elish, atribuído aos babilônios. Segundo Sitchin, Nibiru colidiu com Tiamat, e o resultado dessa colisão foi a formação da Terra, do cinturão de asteroides e dos cometas. Ele chamou Nibiru de o 12º planeta (também o título de seu primeiro livro, em 1976), entendendo que a contagem dos planetas incluía o Sol e a Lua.
A teoria da presença dos anunnaki/extraterrestres na antiga Suméria especula que esses seres precisavam de ouro, para algum propósito não muito claro, e vieram à Terra para obtê-lo. Aqui, as teorias divergem, pois enquanto alguns entendem que os anunnaki eram seres avançados que apenas trouxeram conhecimentos superiores à humanidade, outros entendem que eles alteraram geneticamente a raça humana para criar escravos que pudessem fazer o trabalho de mineração.
A ideia da presença dos anunnaki de certa forma também encontra correlações com o Livro de Enoch, comentado na matéria Os Textos Antigos. Em seu livro Ancient Astronauts: Discerning Facts from Myths, Conrad Bauer lembra que os textos da Suméria dizem que 200 seres, os anunnaki, vieram à Terra e influenciaram a civilização, enquanto o Livro de Enoch declara especificamente que 200 anjos vieram à Terra para causar desordem.
A ideia de Sitchin é de que o ouro era necessário à sobrevivência do planeta Nibiru, que estava perdendo sua atmosfera devido à poluição, desastres naturais e, talvez, uma guerra nuclear. Assim, eles teriam imaginado um aparelho capaz de manter o calor de seu planeta usando partículas finas de ouro. E Sitchin afirmou que existiam evidências arqueológicas das operações de mineração dos anunnaki no Golfo Pérsico e no sudeste da África, há 400 mil anos.
Outra relação com as narrativas da Bíblia também pode ser encontrada na proposta de modificação genética dos humanos da época. Enquanto a Bíblia cita os nefilim, ou anjos/extraterrestres, tendo relações com os humanos e criando uma nova raça de seres, nos textos sumérios os anunnaki realizam operações de engenharia genética. Assim, os primeiros seres criados foram chamados de Adamah, o que leva a outra comparação com o Adão da Bíblia, o primeiro ser humano criado por Deus.
A teoria pressupõe que os anunnaki e os humanos primitivos eram geneticamente compatíveis, o que permitiu a hibridização das raças. Sitchin não diz que eles criaram a humanidade, mas que apenas adiantaram o processo de evolução.

Na visão de Sitchin, o dilúvio foi provocado pela passagem do planeta Nibiru (O Dilúvio. Francis Dandy, 1840).

O dilúvio também é um dos eventos narrados na Bíblia e que ganha nova versão quando se fala dos anunnaki. Diz-se que os humanos desenvolvidos por eles trabalharam nas minas de ouro por milhares de anos, mas eventualmente os anunnaki resolveram livrar-se dos humanos e reiniciar sua criação, o que começaram a fazer ao deixar de ajudá-los com recursos, o que levou a uma escassez de comida. No entanto, isso não extinguiu a humanidade, mas eles perceberam outra possibilidade ao terem conhecimento de que a próxima passagem do planeta Nibiru iria fazer com que as calotas polares da Terra deslizassem para os oceanos, aumentando o seu nível e criando um dilúvio universal.
Na passagem sobre o dilúvio narrada na Epopeia de Gilgamesh, diz-se que, apesar de os deuses terem mantido o conhecimento do dilúvio desconhecido da humanidade, o deus Enki – considerado por Sitchin o cientista que liderava o projeto no planeta – resolveu desafiar as ordens superiores e salvar alguns espécimes humanos, dando a eles informações sobre como fazê-lo.
Como ocorre com todas as teorias a respeito da presença de extraterrestres no passado do nosso planeta, essa também entende que todo esse novo entendimento dos textos antigos só é possível agora, com o conhecimento que temos da ciência e tecnologia. Na época, os sumérios só poderiam mesmo entender que os anunnaki eram deuses.
No entanto, as traduções propostas por Zecharia Sitchin continuam a ser negadas por outros especialistas nos idiomas antigos da Mesopotâmia e, para os leigos, fica difícil chegar a uma conclusão. Mas mesmo nas traduções consideradas oficiais podemos perceber que a possível atuação desses deuses/extraterrestres na Mesopotâmia, por milhares de anos, causou uma impressão profunda nos povos da região.

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