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Presença Extraterrestre nos Textos Antigos

OS EXTRATERRESTRES NA ÍNDIA

Autor Gilberto Schoereder
14/07/2022

Os textos mais antigos da Índia trazem inúmeras referências à existência de naves capazes de voar para fora da Terra.


O vimana chamado Pushpaka, em pintura do século 17, mostrando Rama sendo recebido na cidade de Ayodhya. O objeto aparece representado duas vezes no céu e uma em terra (Wikimedia).

Os antigos textos da Índia são uma fonte imensa de especulações no que se refere à possível presença de seres extraterrestres no passado do planeta. Existem narrativas bem precisas de combates e guerras entre deuses e reis, assim como a utilização de armas terríveis e de naves que se deslocam pelo espaço, conhecidas como vimanas.
Para os defensores do conceito dos antigos astronautas, esses textos são referências obrigatórias e muito claras sobre os contatos realizados no passado distante, ainda que não se saiba exatamente a que época eles se referem. Para os estudiosos do sânscrito, os textos mais antigos devem ter sido elaborados por volta do século 7 a.C., e os mais recentes até o século 3, ainda que refiram-se a eventos ainda mais antigos.
Os Vedas, uma coletânea de textos em sânscrito, possivelmente foram transmitidos oralmente desde cerca de 2.000 a.C., posteriormente transcritos em textos, e trazem referências aos vimanas, apresentados como “carruagens voadoras” utilizadas por vários deuses.
O Ramaiana, um texto datado por volta do século 7 a.C., também traz uma descrição de um vimana, conhecido como Pushpaka, pertencente a Ravana, uma espécie de criatura demoníaca da mitologia hindu. Porém, originalmente teria sido construído para o deus Brama, que o deu de presente ao deus Kubera, o deus da saúde, e foi roubado pelo rei Ravana, meio-irmão de Kubera. A obra narra a vida do rei Rama, um dos avatares de Vishnu, e a guerra que ocorreu quando Ravana raptou Sita, esposa de Rama.

Outra versão do vimana Pushpaka, aqui dirigido por Ravana (Ilustração do Ramaiana, edição entre 1597 e 1605).

Erich von Däniken, em seu livro de estreia, em 1968, comentou sobre as obras antigas da Índia. “De onde, por exemplo”, ele escreveu, “o cronista do Mahabharata poderia ter sabido da possibilidade de existir uma arma capaz de punir uma região com doze anos de seca? Bastante poderosa ainda para matar fetos no ventre materno?”. Däniken diz que o Mahabharata, ou Maabarata, tem no mínimo 5 mil anos de idade, ainda que a datação oficial situe a confecção da obra – no todo, mais volumosa do que a Bíblia – entre os século 3 a.C e 3 da nossa era.
Mas os vimanas são certamente os aparelhos mais interessantes apresentados nos antigos textos. Esses aparelhos, ou “naves”, voavam com propulsão própria, utilizando mercúrio e, às vezes, a força do pensamento, deslocando-se facilmente por longas extensões. Däniken diz que no Samsaptakabadha Parva, uma das partes do Maabarata, “(...) são feitas distinções entre carros que voam e outros que não são capazes de fazê-lo”. E, diz o pesquisador, o primeiro livro do Maabarata conta a história de Kunti, que recebeu a visita do deus-sol, com quem teve um filho e, com vergonha, colocou a criança num cesto, abandonando-a em um rio, de onde foi colhida por Adhirata, que a criou. Para Däniken, a história tem uma semelhança incrível com a história de Moisés, além de, novamente, surgir a referência à fecundação do ser humano pelos “deuses”. “À semelhança de Gilgamés, Arjuna, o herói do Mahabharata, empreende longa viagem, para procurar os deuses e deles conseguir armas. E quando Arjuna, após enfrentar muitos perigos, acha os deuses, encontra até Indra, o senhor dos céus, em pessoa, ao lado de sua esposa Sachi. Ambos não encontram o valente Arjuna em lugares ou circunstâncias indefiníveis. Não, encontram-no em um carro de combate celestial e até o convidam a viajar junto com eles para o céu”.
A obra ainda descreve uma arma terrível, capaz de matar todos os guerreiros que usassem metal no corpo. “No mesmo livro se diz”, continua Däniken, “(talvez o primeiro relato sobre o lançamento de uma bomba de hidrogênio) que Gurkha, de bordo de uma possante vimana, arremessou um único projétil sobre a cidade tríplice”, falando de uma fumaça branca incandescente, dez mil vezes mais clara do que o Sol, que reduziu a cidade a cinzas.
Em O Retorno dos Deuses (The Return of the Gods, 1997), Däniken cita outra passagem do Maabarata, o Vana Parva, onde são descritas as habitações dos deuses como sendo instalações espaciais, orbitando a Terra. “Essas estações espaciais gigantescas tinham nomes como Vaihayasu, Gaganacara e Khecara. Elas eram tão enormes que as naves usadas para curtas viagens, as vimanas, voavam para dentro delas pelos enormes portões”.
O pesquisador continua citando outra passagem do Maabarata, o Drona Parva, na qual fala-se de três cidades grandes e ricamente construídas que giram em torno da Terra “Delas”, diz Däniken, “a discórdia se espalha para as pessoas na Terra e também para os próprios deuses em uma guerra de proporções galácticas”. A narrativa fala de uma batalha épica com armas que disparavam torrentes de luz, batalha que Däniken relaciona, por exemplo, com a narrativa bíblica de Lúcifer, que reuniu um exército para lutar contra o “senhor”.

Ilustração de um vimana chamado Shakuna Vahana, do Vaimanika Shastra (1923).

Claro que existem controvérsias a respeito da origem de alguns relatos, para não falar das diferentes interpretações. Däniken, por exemplo, refere-se à obra Vymaanika Shaastra – ou Vaimanika Shastra – como sendo um legado antiquíssimo composto de diversos textos, enquanto a versão oficial apresenta a obra como tendo sido elaborada no início do século 20, ainda que escrita em sânscrito. Também é polêmica porque apresenta uma série de informações a respeito dos vimanas – a palavra “shastra” pode ser traduzida como manual ou tratado – a apresenta os vimanas citados nos antigos textos da Índia como sendo veículos voadores.
Segundo se sabe, a existência do texto foi revelada em 1952 por G.R. Josyer, que disse que o texto foi elaborado por Pandit Subbaraya Shastry (1866-1940), que o ditou ao longo dos anos de 1918 a 1923, e afirmou que as informações foram recebidas psiquicamente pelo maharishi Bhadadwaja, da Índia ancestral.
A obra traz muitas informações a respeito da forma pela qual os vimanas eram construídos, mas observações modernas de especialistas afirmam que é impossível fazer com que qualquer das “naves” descritas consigam voar. Ainda assim, em seu livro Sim, os Deuses Eram Astronautas (Die Götter Waren Astronauten!, 2001), Däniken comenta a obra sem refutar sua origem ou seu conteúdo. E o conteúdo inclui uma série de tecnologias admiráveis: cristais que produzem energia; instrumentos que tornam a nave invisível; ligas metálicas de origem desconhecida, descritas em palavras do sânscrito que não puderam ser traduzidas; escudos de proteção para a nave; e muito mais.
Däniken ainda lembra que a obra faz referência a 97 textos indianos antigos que tratam de aeronaves, entre elas o Yuktikalpataru, um tratado sobre os “boitas”, que eram grandes barcos ou navios construídos pela antiga região de Kalinga, com texto em sânscrito, autorizado pelo rei Bhoja, que reinou entre cerca de 1.010 e 1.055. O tratado apresenta características e classificações de vários tipos de embarcações e, segundo Däniken, nos versos 48 a 50, menciona os aparelhos voadores, sendo que “(...) A tradução mais antiga é de 1.870, quando o mundo ocidental não tinha a menor noção a respeito de aviões, e muito menos de naves espaciais”.

                    Ilustração de uma seção vertical de um vimana descrito no Ramaiana (T. K. ELLAPA/ Wikimedia).

Para os defensores do conceito dos antigos astronautas, os vimanas não são aceitos pelos cientistas como veículos capazes de voar porque apresentam características que não utilizamos em nossos veículos voadores atuais, mas a tecnologia que utilizavam era imensamente diferente da nossa, uma vez que provinha de extraterrestres. No caso de livros como o Vaimanika Shastra, as informações fornecidas só podem ser aceitas se a pessoa acreditar na possibilidade de transmissão de conhecimento por meios psíquicos, talvez de outra dimensão da existência, o que nos coloca mais uma vez no mesmo caminho trilhado pelas informações a respeito da chegada de extraterrestres apresentadas pela Teosofia.
Outra obra citada é o Samarangana Sutradhara, outro tratado poético escrito em sânscrito e também atribuído ao rei Bhoja, lidando com a arquitetura clássica indiana. Além disso, os estudiosos dizem que a obra também apresenta antevisões de máquinas que poderiam voar, mas que o autor disse que não iria explicar como construí-las, para manter segredo sobre o assunto, conforme explicou o dr. Mattia Salvini em estudo publicado em 2012.
Däniken, como outros pesquisadores do tema, entende que, apesar da obra ser mais recente, ela certamente apresenta conhecimentos mais antigos, e ele comenta que nela “(...) são explicados em 230 linhas os princípios fundamentais para a construção de máquinas voadoras. Parecidas com nossos helicópteros, são descritas como extraordinariamente manobráveis. Podem ficar paradas no ar e se mover em torno do globo terrestre ou além dele”.
W.Raymond Drake também referiu-se ao Samarangana Sutradhara e às 230 stanzas que descrevem “(...) os princípios da construção, do ataque a objetos visíveis e invisíveis, à ascensão, ao cruzeiro de milhares de quilômetros em diferentes direções na atmosfera e à descida”.

As histórias e referências aos vimanas e outros tipos de aparelhos voadores, ou naves espaciais, na literatura da Índia são em número impressionante. A interpretação dessas informações é que varia, dependendo de quem interpreta. Estudiosos do sânscrito e da história da antiga Índia costumam relativizar quaisquer textos e descrições de naves, armas e outros aparelhos fantásticos que surgem nas histórias, entendendo que são visões ou metáforas, ou ainda apenas um entendimento errôneo, ou uma tradução mal feita. Mas os relatos surgem, como vimos no caso do Samarangana Sutradhara, ao lado de informações que os especialistas têm como absolutamente verdadeiras.
Os defensores da teoria dos antigos astronautas sempre ressaltam esse aspecto da questão, ou seja, o de que qualquer narrativa ou informação que não esteja de acordo com o conhecimento existente na sociedade da época em que o texto foi escrito é sempre descartado pela ciência como irrelevante, como visão profética ou algo semelhante. Para eles, ela deve ser encarada de forma diferente, como uma informação real, ou como o resquício de um conhecimento que, em algum momento do passado distante, existiu e foi aplicado em nosso planeta por seres extraterrestres.

 

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