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ANJOS CONQUISTADORES

Autor Gilberto Schoereder
16/01/2025

Nem todo mundo vê os anjos como seres necessariamente “do bem”. Existem linhas de pensamento religioso e esotérico segundo as quais os anjos têm a função de nos confundir e, até mesmo, nos conquistar.


Imagem: Jerry SageLvs/ Pixabay.

Diferentes religiões ou linhas de pensamento esotérico e místico encaram os anjos – sua origem e sua função – de formas diferentes. Alguns pesquisadores das antigas religiões dizem, por exemplo, que os discípulos de Simão Mago afirmavam que o Deus Supremo havia produzido, por emanação, um princípio feminino. Desse princípio teriam nascido os anjos que, por sua vez, modelaram o nosso mundo visível. Dessa forma, esses anjos eram vistos como seres inferiores que, com inveja da mãe, a arrastaram para a Terra, forçando-a a suportar encarnações degradantes.
Segundo alguns historiadores, Simão era um mago convertido ao Cristianismo, e que entrou em confronto com Pedro, e também é tido por alguns estudiosos como o fundador do Gnosticismo. No entanto, John Lash, estudioso do Gnosticismo, acredita que existe muita confusão em torno do assunto. Para ele, Simão Mago não é, como alguns pensam, o mais antigo dos gnóstico, mas sim um dos últimos, já que Lash não entende que o Gnosticismo tenha surgido por volta do século 1, como alguns historiadores sugerem. Assim, os textos de Nag Hammadi – uma coleção de textos antigos do Cristianismo e do Gnosticismo, descobertos no Egito em 1945 – representariam o “fim” da tradição gnóstica, e não o seu apogeu. Para Lash, o Gnosticismo desenvolveu-se por volta de 6 mil a.C. e estaria ligado ao xamanismo.

Imagem: dlsd cgl/ Pixabay.

Ainda segundo John Lash, os textos dos antigos Mistérios Levantinos, do Oriente Médio, dizem que a deusa Sophia, a Sabedoria, uma emanação do Deus Supremo, criou os anjos, também conhecidos como arcontes, que seriam uma espécie aberrante. Mas eles não foram os construtores do mundo material, uma vez que a Terra que habitamos é uma transformação da própria deusa, é seu corpo transformado em um planeta. Os arcontes, esses anjos desviados, seriam ciborgues de outro sistema planetário, no qual a Terra foi capturada, e eles tentam cegar e enganar a humanidade com a religião, em especial as que defendem as doutrinas do pecado e da salvação. Assim, o líder desses anjos/ arcontes é Jeová, uma entidade alienígena, um deus impostor, o Demiurgo. Eles não criaram o mundo material, mas tentam nos fazer acreditar que sim.

Imagem: Pete Linforth/ Pixabay.

Seguindo esse ponto de vista, temos que os anjos seriam, na verdade, seres extraterrestres, como alguns autores modernos como Zecharia Sitchin propuseram. Lash diz que os famosos textos de Nag Hammadi contêm relatos de experiências visionárias de iniciados, inclusive com encontros com os seres inorgânicos chamados arcontes. Segundo os preceitos gnósticos, esses seres teriam surgido nos estágios iniciais da formação do sistema solar, antes da Terra surgir.
Os conceitos gnósticos encontram respaldo em algumas propostas de investigação ufológica, em particular na de Jacques Vallée, que afirma serem os extraterrestres pertencentes ao setor planetário local. Além disso, o conhecido astrônomo francês entende que o enigma ET/OVNI é um “sistema de controle espiritual”, ou seja, envolveria um processo de condicionamento, que é o que os gnósticos afirmam sobre os arcontes, que poderiam afetar nossas mentes por meio de técnicas de condicionamento subliminar. Segundo esses gnósticos, esses seres nos invejam e se alimentam do nosso medo.
Lash diz que as descrições físicas dos arcontes surgem em vários textos gnósticos, com dois tipos básicos sendo estabelecidos, e as descrições se encaixariam perfeitamente nas descrições dos tipos de extraterrestres greys e reptilianos que surgem nos relatos modernos.
Esses ciborgues arcontes/anjos, habitariam o nosso sistema planetário, com exceção da Terra, Sol e Lua. O sistema seria um mundo virtual que eles mesmos teriam construído imitando as formas geométricas emanadas do Pleroma, o reino dos Geradores.

                                                                    Imagem: Guillaume Preat/ Pixabay.

No nível psicológico, essas forças alienígenas se introduzem na mente humana e desviam nossa inteligência de suas aplicações mais apropriadas e sadias. Eles não seriam exatamente os responsáveis por nossos atos negativos ou desumanos, mas eles nos fariam seguir o comportamento desumano até o extremo. Seriam, portanto, parasitas psicoespirituais. Interessantemente, esse foi o tema de um livro de ficção científica, Parasitas da Mente (The Mind Parasites,1967), do escritor e filósofo inglês Colin Wilson (1931-2013). Ele via os alienígenas entre nós como seres capazes de penetrar em nossas mentes e cortar nossa relação com a fonte de energia comum a toda a raça humana, levando-nos a ter determinados comportamentos prejudiciais a nós, mas bons para eles.
Eles não podem permanecer muito tempo em nossa biosfera, de modo que suas incursões em nossa atmosfera não duram muito tempo, e não teriam outro objetivo senão o de aterrorizar os humanos. Seu objetivo seria unicamente o de marcar uma presença em nossas mentes, trabalhando por meio da telepatia e sugestão no sentido de nos desviar do curso de evolução mais adequado para nós.
Eles não seriam o Mal, uma vez que não têm poderes autônomos de destruição da humanidade. Mas são agentes do erro, já que o erro humano, quando não é corrigido, se transforma no mal.

Imagem: BenFishold/ Pixabay.

Entre os estudiosos que procuram desvendar mistérios do passado da Terra seguindo conceitos que a arqueologia e a história oficiais não aceitam, um dos que seguiram pela linha da influência extraterrestre nos primórdios da humanidade foi o já citado Zecharia Sitchin.
Ele desenvolveu o conceito de que seres extraterrestres, que chama de anunnaki, teriam aparecido pela primeira vez em nosso sistema planetário há 450 mil anos – uma data obviamente não reconhecida pela ciência oficial, mas que é repetida, com algumas variações, por várias linhas de pensamento esotérico, referindo-se à vinda de seres de outros planetas. Os anunnaki, segundo Sitchin, eram como os sumérios chamavam “aqueles que do Céu para a Terra vieram”, termo que ele encontrou quando estudava as tábuas da Suméria.
Em algumas versões, esses alienígenas trouxeram conhecimento para a humanidade, inclusive originando as primeiras grandes civilizações humanas, como a da Suméria; em outras, eles simplesmente “criaram” os seres humanos por meio de engenharia genética, usando-os como escravos.
Existem estudiosos que já compararam esse conceito com o da “queda dos anjos”, ou seja, a vinda de Lúcifer e seus seguidores para a Terra. Segundo essa ideia, então, não existiriam outros tipos de anjos senão aqueles que vieram para cá, os anjos/arcontes/anunnaki, cuja única função é nos desviar do verdadeiro caminho.
Os gnósticos afirmam que Cristo não “salvou” ninguém, uma vez que a crença na salvação “do alto”, além da humanidade, é um implante ideológico dos arcontes, dos anjos desviados. O Cristo dos gnósticos é um “revelador”, não um redentor, uma vez que ele veio trazer a mensagem de que é o conhecimento que salva.


Matéria publicada originalmente na revista Sexto Sentido 93 (2008).

 

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