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Experiências de Quase Morte

Autor Gilberto Schoereder
20/09/2011

Uma conversa com o dr. Raymond Moody, uma das maiores autoridades mundiais sobre as experiências de quase morte.


EXPERIÊNCIAS DE QUASE MORTE

Considerado entre os maiores especialistas do mundo no que diz respeito às experiências de quase morte, o dr. Raymond Moody conversou conosco sobre o fenômeno que, cada vez mais, passa a fazer parte de pesquisas médicas e de discussões filosóficas.

Gilberto Schoereder

 

O dr. Raymond Moody diz que foi Platão que o introduziu ao tema das "experiências de quase morte" (EQM), ou "experiências próximas à morte", como preferem alguns autores. Isso aconteceu em 1962, quando cursava o primeiro ano da Universidade da Virgínia e leu A República, obra do filósofo grego. Quase ao final, Platão narra a história de Er, um soldado que, depois de quase morrer em combate, retorna à vida contando uma história incrível do mundo da pós-morte, incluindo a famosa passagem por uma espécie de túnel e a revisão de toda sua vida.
Esse interesse resultou, em 1975, no livro A Vida Depois da Vida, que provocou uma verdadeira revolução não apenas nos chamados meios esotéricos, mas também na medicina e psicanálise. Centenas, senão milhares de médicos já declararam ter ouvido histórias semelhantes de seus pacientes, especialmente daqueles que, na mesa de operação, chegaram a ser consideradas clinicamente mortas.
Filósofo e psicólogo, os livros de Raymond Moody já venderam milhões de exemplares, e ele é tido como a maior autoridade sobre o assunto no mundo. No Brasil, foram publicados A Vida Depois da Vida (Editora Butterfly), A Luz Que Vem do Além (Ed. Butterfly) e Reencontros (em parceria com Paul Perry, Ed. Nova Era).
Entrevistamos o dr. Moody por e-mail, para saber mais sobre suas ideias a respeito do tema, as pesquisas que ele vem fazendo e como o assunto vem sendo tratado pela comunidade médica internacional.

Em que estágio se encontram as pesquisas científicas a respeito das experiências de quase morte?
Entre os médicos, existe um interesse mundial pelas profundas experiências que alguns pacientes relatam depois de escaparem por pouco da morte. Por exemplo, há alguns anos, a revista The British Journal of Medicine publicou uma investigação sobre experiências de quase morte, conduzida por uma equipe médica na Holanda. Eles estudaram mais de 600 pacientes que tinham sobrevivido a ataques cardíacos enquanto estavam internados em hospitais holandeses. O estudo foi bastante prolongado e teve a participação de muitos pesquisadores. Eles descobriram que cerca de 18% dos pacientes relataram experiências de quase morte. Essa equipe de pesquisa em especial considerou que seus resultados conferiam certa plausibilidade científica à ideia de que a consciência sobrevive à morte do corpo.
A publicação The Journal of Near-Death Studies, editada pelo dr. Bruce Greyson, da Universidade de Virgínia, continua apresentando trabalhos excelentes sobre experiências de quase morte, assinados por estudiosos de todas as disciplinas. Então, sim, muito trabalho está sendo feito na área, e o fato de pesquisadores de muitos campos de conhecimento estarem envolvidos é um avanço importante.
Na minha opinião, é um grande equívoco focar-nos exclusivamente naquilo que a ciência pode nos dizer sobre experiências de quase morte. Muitas outras disciplinas podem contribuir para a compreensão racional de um fenômeno que tem implicações de alcance tão amplo quanto as EQM. Claro que é fácil ver por que as pessoas do mundo de hoje são propensas a crer que a razão equivale apenas à ciência. O método científico teve imensos saltos de conhecimento e resultou em muitas descobertas altamente visíveis, e algumas que até marcam época. Por outro lado, as ciências humanas, como a filosofia, a história e a teoria literária, parecem estar ficando para trás. Mesmo assim, acredito que as ciências humanas têm muito a oferecer quando se trata de compreender as EQM.
Parece-me ainda prematuro pensar na vida após a morte como uma questão científica. Penso nisso como um problema conceitual; ainda precisamos definir com mais clareza o que se entende por “vida após a morte”. Naturalmente, cada um de nós acha que tem uma percepção pessoal adequada do significado, mas é extremamente difícil traduzir essa noção intuitiva num conceito claro e científico que possa ser testado em laboratório.
A questão da vida após a morte é a pergunta mais elevada da existência, e talvez o mais antigo e importante dos mistérios de vida; merece respeito e até um certo tipo de reverência. Deveríamos encarar a questão à altura, aplicando-lhe o melhor e mais cuidadoso pensamento que pudermos. A mim parece que a melhor abordagem hoje ao nosso alcance é a filosófica.
Acredito que o mais empolgante dos avanços recentes na minha linha de pesquisa é a descoberta de experiências empáticas de morte, ou seja, agora sabemos que, quando alguém morre, às vezes as próprias pessoas presentes entram em dramáticos estados alterados de consciência virtualmente idênticos às experiências de quase morte. Por exemplo, pessoas que estavam reunidas à cabeceira de um ente querido, doente terminal, já nos disseram que, quando o doente morrera, elas deixaram os próprios corpos. Levantaram-se e acompanharam o moribundo amado por parte do caminho para a luz. Elas podem chegar a vislumbrar os espíritos de parentes e amigos do moribundo vindos para saudá-lo. Às vezes, vêem uma luz sobrenatural de amor que engolfa a elas e ao indivíduo que está morrendo.

Como a ciência, oficialmente, encara essa questão hoje em dia? Ainda existe muita resistência em aceitar o fenômeno? Existem médicos e cientistas que aceitam a realidade do fenômeno?
A ciência não tem um enfoque unânime ao tratar as EQM. Há cientistas que levam o assunto a sério, e há muitos que não. Como com qualquer outra questão na fronteira da pesquisa, as opiniões divergem bastante.
Não me parece haver muita resistência à descoberta de que o fenômeno existe. A ocorrência real das experiências de quase morte agora é uma noção geralmente aceita. O grande debate é sobre o que as experiências significam e como se pode explicá-las.

Existe alguma prova científica das experiências de quase morte?
Novamente, se existe ou não uma prova científica, depende de qual é exatamente o aspecto que está sendo estudado. Certamente, os estudos que têm sido feitos são essencialmente conclusivos ao demonstrarem que um padrão notavelmente comum de experiência se desdobra na consciência de muitas pessoas que se aproximam da morte. Porém, ainda não há qualquer evidência ou prova de que essa experiência signifique vida depois da morte.
Creio que, antes disso acontecer, teremos de fazer um trabalho conceitual bem mais cuidadoso para esclarecer o que poderia ser uma vida após a morte, e definir quais métodos racionais seriam os apropriados para obter esse tipo de prova.

Gostaria que o senhor falasse um pouco do Dr. John Dee Memorial Theater of the Mind. Do que se trata, exatamente? Sabemos que é um centro que habilita as pessoas a experimentarem estados alterados de consciência. Como isso é feito? Qual o objetivo e que resultados práticos são obtidos? O que é a técnica "facilitating apparitions"?
O Teatro da Mente é uma instituição de pesquisa que eu fundei para estudar técnicas gregas incomuns de evocar os espíritos dos mortos. Eu me interessei pelo fenômeno por sua relevância para as origens da filosofia ocidental.
Quando Pitágoras, Sócrates e Platão eram vivos, as pessoas comuns achavam que ser filósofo era investigar “as coisas embaixo da terra”, o que era um eufemismo para invocar os espíritos dos mortos. Os gregos praticavam essa atividade em instituições subterrâneas extraordinárias, conhecidas como psicomanteions, ou oráculos dos mortos. Os interessados peregrinavam para o local e passavam um mês embaixo da terra, preparando-se para reuniões visionárias com os mortos. Os relatos que historiadores como Heródoto e Plutarco nos deixaram narram que, nos oráculos dos mortos, os peregrinos realmente viam seus entes queridos perdidos e falavam com eles. Alguns dos filósofos que originaram todo o pensamento e ciência ocidentais que floresceram posteriormente eram invocadores de mortos.
Em 1962, quando eu resolvi me graduar em filosofia, os estudiosos geralmente consideravam os oráculos dos mortos como meras lendas. Alguns conjeturaram que esses lugares podiam ter existido, mas envolviam fraudes. Afinal, parecia que simplesmente não poderia ter existido um lugar onde alguém pusesse ir, interagir com espíritos e trocar ideias com os mortos. Então, no final dos anos 1970, o professor Sotirios Dakaris, arqueólogo, decidiu procurar o mais famoso dos antigos oráculos dos mortos. Ele encontrou o sítio exatamente onde Homero e Heródoto disseram que estava: no rio Acheron, no atual município de Thesprotia, no noroeste da Grécia, ao sul da Albânia.

Templo em Dodona, Grécia. Foi lá que, nos anos 1970, o arqueólogo Sotirios Dakaris encontrou o mais famoso dos antigos oráculos dos mortos (Foto: Marcus Cyron).

Nas escavações, a equipe de Dakaris se deparou com um amplo complexo de corredores, alojamentos comuns e acomodações espaçosas para os psicogogos – que eram técnicos que lá residiam e preparavam os peregrinos para as reuniões visionárias. Um labirinto de paredes de pedra conduz ao recinto central do oráculo: uma câmara de aparições, estreita e com uns 12 metros de comprimento. Resíduos de fuligem nas paredes mostram que a iluminação era feita por tochas.
Os arqueólogos encontraram restos de um imenso caldeirão de bronze na extremidade da câmara. Eles supuseram que os psicogogos se escondiam no caldeirão e representavam o papel dos espíritos que os peregrinos buscavam. Durante a estada subterrânea de quatro semanas, os peregrinos revelariam muita informação que os psicogogos poderiam usar para reconstituir a personalidade do morto e retorná-la aos clientes enlutados.
Quando, por volta de 1989, eu li o trabalho de Dakaris, pensei numa outra explicação. Na ocasião, fazia dois anos que eu ensinava meus alunos de graduação sobre contemplação de cristais. Supus que o caldeirão, na antiguidade, fosse muito polido por dentro, enchido com azeite de oliva e iluminado indiretamente por tochas bruxuleantes. Os peregrinos, depois de preparados por discussões com pungentes recordações do finado, contemplariam o caldeirão e veriam imagens vívidas, tridimensionais e cheias de cores dos entes queridos. Assim, naturalmente, decidi testar minha hipótese com meus alunos e colegas professores.
Resumindo uma história longa, eu montei um espelho grande, de um metro por um metro, na parede de um dormitório da minha casa. Suspendi no teto uma cortina preta de tecido leve de algodão, que formava um cubículo ao redor do espelho e bloqueava a maioria dos reflexos. Pus uma poltrona reclinável na frente do espelho, a cerca de um metro. O espelho ficava numa altura tal que a pessoa sentada na cadeira, ao olhá-lo, não via o próprio reflexo, mas apenas um vazio escuro que se aprofundava até o infinito. Atrás da cadeira, pus um abajur com uma lâmpada muito fraca, como se fosse uma vela, que dava uma iluminação muito tênue ao cubículo.
O procedimento de preparação consiste em a pessoa escolher um ente querido que queira rever e então simplesmente falar sobre ele. Isso demora um certo tempo, pelo menos uma ou duas horas em que eu me sentava com a pessoa e lhe pedia que me falasse sobre o finado. Eu perguntava sobre as lembranças prazerosas e também das arestas, das coisas que ficaram sem ser ditas e dos assuntos não resolvidos do relacionamento. Então, eu instruía a pessoa a se sentar na “câmara de aparições” e a contemplar profundamente o espelho por cerca de uma hora.
Nessas circunstâncias, muitas pessoas viram aparições de aspecto e movimentos naturais, e entenderam que estavam realmente reunidos com falecidos amados. Às vezes, os espíritos pareciam sair do espelho para o quarto. Houve casos em que os vivos que buscavam as reuniões se sentiam eles mesmos entrando no espelho, como a Alice de Lewis Carroll em Do Outro Lado do Espelho.
Nesses casos, os encontros com os espíritos do passado aconteciam numa curiosa dimensão paralela “além espelho”. Em cerca de um terço das ocorrências, as pessoas relataram que as vozes dos que se foram pareciam audíveis; quase todas disseram que as conversações que experimentam com os espíritos foram do tipo coração a coração ou mente a mente. E também declararam ter sentido muito vividamente a presença do ente querido durante o evento. A experiência parece ter um efeito restaurador no processo de luto de quem eu estudei.
Posteriormente ao meu estudo original, vários outros psicólogos e psicoterapeutas reproduziram com sucesso meus resultados.

Que trabalhos de pesquisa são realizados no The Raymond Moody Research Foundation?
No Instituto Raymond Moody, estou buscando o que provavelmente é o aspecto mais importante do meu método, e que de fato é reformatar o pensamento para pensar mais sobre mistérios importantes como a vida após a morte. Esse trabalho pode levar um tempo para ter êxito e ser amplamente divulgado, pois exige uma boa dose de raciocínio para ser compreendido. Envolve seguir uma cadeia longa de argumentos lógicos e atrai principalmente aqueles mais afeitos ao pensamento analítico. Basicamente, o trabalho envolve retroceder e preencher uma grande lacuna que Aristóteles deixou quando codificou o sistema de lógica que todos nós ainda usamos hoje.
Infelizmente, acredite, a maioria dos norte-americanos perderam a capacidade de adiar a própria gratificação, e exigem soluções imediatas a perguntas muito complexas. Num ambiente assim, essa nova descoberta vai demorar para se espalhar.
Mesmo assim, estou inteiramente confiante que, uma vez que uma quantidade suficiente de participantes dispostos a se esforçar complete esse programa, o efeito será poderoso e de longo alcance. Estou convencido de que, em última instância, o resultado mudará o rumo das investigações racionais sobre a vida pós-morte e trará um progresso real, inabalável por qualquer escrutínio rigoroso.

As pesquisas realizadas com relação às experiências de quase morte são compartilhadas por outros pesquisadores da parapsicologia?
Sim, muitos parapsicólogos estão interessados em experiências de quase morte. Porém, os estudiosos da área geralmente se concentram mais em pesquisas com médiuns.

Já faz tempo que alguns médicos e cientistas afirmam que a experiência de quase morte é causada pela insuficiência de oxigênio no cérebro ou alterações neuroquímicas. De que forma o senhor rebate essas noções?
Experiências empáticas de morte apresentam uma dificuldade aos pesquisadores que dizem que experiências de quase morte são mero resultado de carência de oxigênio e alterações neuroquímicas no cérebro. Ou seja, por que espectadores que nem mesmo estão doentes têm experiências idênticas às das pessoas que se aproximam da morte?

Alguns cientistas – como o dr. Michael Persinger – defendem a ideia de que as experiências místicas sejam provocadas devido ao estímulo eletromagnético dos lobos temporais. Recentemente, outros cientistas refutaram a teoria do dr. Persinger, e outros pesquisadores, ainda, entendem que o estímulo dos lobos temporais pode abrir uma espécie de “porta”, possibilitando um contato com outras dimensões. O que o senhor pensa a esse respeito? O senhor acha que esse tipo de experiência pode estar de alguma forma relacionado às experiências de quase morte?
Estou contente de ver que os neurofisiologistas continuam dando atenção aos eventos químicos, elétricos e até magnéticos que ocorrem concomitantemente às experiências de quase morte e a estados místicos de consciência. Quanto mais se pesquisar esses tópicos, melhor. E acredito que todos devemos nos manter atentos a uma das mais antigas e intrigantes das grandes questões da filosofia: o problema mente-corpo. Por que não admitirmos que simplesmente não sabemos como a experiência individual da consciência se relaciona com a substância material do corpo? Naturalmente, surgiu uma dúzia de grandes teorias sobre essa relação nos últimos milênios. Se fôssemos sábios, reconheceríamos que ainda não existe nenhum meio racional de provar que uma ou outra delas é correta.
Nos dias de hoje, uma teoria em especial, o epifenomenalismo, cativa muitas pessoas. É a que defende que a consciência não tem realidade independente, e é apenas uma ilusão criada por fenômenos químicos e elétricos que acontecem no cérebro. Os epifenomenalistas dizem que essas reações químicas e descargas elétricas são as únicas coisas “reais” no processo. Bem, francamente, tal teoria não me parece propriamente errada, mas incoerente!
Tenho notado, ao longo de minha carreira, que muitos acadêmicos jovens, ao terminarem a faculdade, apóiam o epifenomenalismo com entusiasmo. E, à medida que amadurecem, tendem a se aproximar cada vez mais da minha visão do problema, a de que, honestamente, eu não sei qual é a relação entre a mente consciente e o corpo. Acredito que esse ainda é um dos maiores mistérios de vida, e provavelmente o será por muito tempo.
Finalmente, permita-me usar esta oportunidade para cumprimentar meus leitores brasileiros e agradecer a todos o interesse pelo meu trabalho. Eu tenho grande carinho pelo país e cultura de vocês, e desejo muitas felicidades a todos.

 

Os Estágios das EQM

O médico e pesquisador Raymond Moody identificou 15 elementos ou estágios presentes em quase todos os relatos de EQM, mas ressaltou que, apesar da semelhança, não existem dois exatamente iguais. Da mesma forma, ninguém chegou a vivenciar todos os 15 – algumas pessoas identificaram no máximo 12 – e a ordem em que surgiram nem sempre foi a mesma.

Inefabilidade – as pessoas costumam dizer que não conseguem explicar o que sentiram. O dr. Moody entende que a compreensão da linguagem depende de uma série de vivências comuns das quais todos participam. Como a EQM não faz parte de nosso dia a dia, os que passaram por ela não sabem como explicar.
Ouvir a notícia – é comum alguém acidentado ou em uma mesa de operações ouvir o médico ou outra pessoa no local declará-lo morto.
Sentimentos de paz e quietude – geralmente, após um momento de dor causada por um grave ferimento ou outro problema físico, a pessoa tem uma sensação extremamente agradável logo no primeiro estágio da experiência.
O ruído – os primeiros momentos podem ser acompanhados de ruídos desagradáveis ou sons de campainha muito altos. Em alguns casos esses ruídos podem ser agradáveis, até mesmo algum tipo de música.
O túnel escuro – certas pessoas sentiram, junto com os ruídos, a sensação de estarem sendo puxadas por um túnel escuro e longo, ou através de um espaço vazio, negro.
Fora do corpo – após a experiência no túnel escuro a pessoa sente-se fora do corpo, olhando para sua forma física como se fosse outra pessoa. Ela também percebe tudo que acontece à sua volta, e o estado emocional varia de pessoa para pessoa: alguns ficam confusos e preocupados, querendo voltar ao corpo, mas sem saber como; outros não sentem medo e se dão conta do que está acontecendo, mantendo-se calmos. É comum a pessoa perceber que está morta e notar as qualidades de seu novo “corpo”, que ninguém vê e que começa a flutuar. A pessoa também pode ter uma noção do tempo totalmente diferente.
Encontrando outras pessoas – muitos dos que passaram pela EQM tiveram consciência de que outras pessoas ou “seres espirituais” estavam no local para ajudar na passagem para o outro lado, ou para dizer que a hora da pessoa ainda não havia chegado. Alguns encontraram familiares ou amigos que tiveram em vida, outros viram pessoas totalmente desconhecidas.
O ser de luz – o encontro com a “luz” é considerado o elemento mais marcante das experiências. Ela surge como uma suave claridade que vai se intensificando até tornar-se totalmente brilhante, mas sem prejudicar a visão. Essa luz é descrita como um ser, do qual emana um amor impossível de ser descrito e que atrai as pessoas de forma irresistível. Nesse caso específico, a descrição do ser varia de acordo com as crenças religiosas. Em seguida, a entidade começa a se comunicar, a perguntar o que a pessoa fez de sua vida sem o menor tom incriminatório. Isso acontece por intermédio do pensamento, sem que seja possível qualquer engano ou mentira na comunicação.
A recapitulação – o contato com o ser de luz desencadeia uma recapitulação visual da vida da pessoa, não com o objetivo de julgar ou conhecê-la, mas para provocar uma reflexão. Além das imagens serem extremamente reais, elas surgem todas de uma vez, como se toda uma vida se passasse num instante.
A barreira ou limite – muitos relataram a impressão de estarem se aproximando de uma espécie de barreira ou fronteira que, dependendo da pessoa, se apresentava de forma diferente: uma porta, uma névoa, uma extensão de água.
Regresso – o momento em que se inicia a volta ao corpo físico geralmente é o mais complicado. Após os momentos iniciais, em que existe a vontade de retornar ao corpo físico, no restante da experiência as pessoas se acostumam ao ambiente e chegam a não querer mais voltar. Essa situação é acentuada nos que vêem o ser de luz.
Contar aos outros – quem passa por uma EQM não a descreve como um sonho, mas como uma experiência real e importante. A pessoa também entende que seus relatos, de forma geral, não serão bem aceitos pelos outros, e muitas vezes ela se cala para não ser considerada louca. Alguns preferem não falar sobre o assunto por achar que as experiências que viveram não podem ser descritas pela nossa linguagem.
Efeito sobre a vida – apesar da resistência em falar sobre o assunto, a maioria sente que sua vida foi modificada, ampliada pela experiência. As pessoas passam a buscar um sentido mais espiritual ou dão mais valor à existência humana, e quase todas ressaltam a importância de cultivar o amor pelo próximo.
Nova visão da morte – geralmente, quem passa pela EQM deixa de ter medo da morte física. Não que elas procurem a morte ou deixem de temer o sofrimento que certas formas de morrer podem causar – elas perdem o medo do que vai acontecer depois. O suicídio também é desaconselhado por todas como forma de chegar ao lugar do qual tiveram um vislumbre. Elas passam a ver a vida pós-morte como uma continuação desta, na qual as pessoas seguem aprendendo.
Corroboração – uma questão importante se refere à possibilidade de obter provas de que a pessoa realmente teve uma EQM. Na pesquisa do dr. Moody ele obteve vários relatos de gente que soube repetir tudo o que estava acontecendo à sua volta durante a EQM e, em alguns casos, até em aposentos distantes.

 

 

 

 

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