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Seres das Dimensões Paralelas

Animais Fantásticos

Autor Gilberto Schoereder
27/05/2012

Conheça alguns dos animais fantásticos que fazem parte da mitologia e lendas dos povos de todo o planeta.


ANIMAIS FANTÁSTICOS

Os seres fantásticos fazem parte da mitologia de todos os povos do planeta, às vezes surgindo como entidades benéficas, outras como monstros temidos. Já foram tidos como representações simbólicas, interpretações errôneas da realidade e até como habitantes de um mundo paralelo.

Gilberto Schoereder

(Foto: Jeferson Gondim Rodrigues).

Houve uma época em que a Terra estava infestada de seres fantásticos. Mais ainda do que hoje em dia. Eles apavoravam ou maravilhavam as pessoas, de acordo com sua personalidade ou vontade no momento. Ora alimentavam-se de seres humanos ora ajudavam-nos em suas tarefas, fornecendo-lhes conhecimentos importantes sobre o ambiente à sua volta.
Essas criaturas, criadas em pesadelos, em contatos inusitados com a realidade ou produzidas pela imaginação fértil das pessoas, formaram mitologias que, em muitos casos, tornaram-se comuns a vários povos do planeta – como ocorre com os dragões, que alguns estudiosos chegam a apresentar como um símbolo constante no inconsciente coletivo da humanidade.
As explicações para o surgimento de tantos e tão estranhos seres nas lendas mundiais às vezes seguem caminhos distintos. Durante muito tempo foi comum a tentativa de explicar, pela psicologia, qualquer ser fantástico presente nos contos populares, mas os historiadores discordam em muitos casos, entendendo que tais criaturas podem ser fruto da observação equivocada de um animal que já existe. Outros entendem que foram o medo e as dificuldades para explicar o desconhecido que deram origem a tantos seres estranhos e impossíveis. E há aqueles que não descartam a possibilidade de que, numa época distante, por razões ainda desconhecidas, nosso planeta, ou mais exatamente a dimensão em que vivemos, estava em contato com outro nível de existência no qual os seres mitológicos não só existiam como representavam a raça predominante.
Por último, não podemos esquecer os que preferem relacionar as criaturas com a vinda de extraterrestres ao nosso mundo numa época muito recuada: esses ETs poderiam ter trazido animais diferentes dos que existiam na Terra, ou promovido experiências genéticas, recriando seres e dando origem a alguns mitos. Essa possibilidade costuma ser energicamente descartada por historiadores e antropólogos, mas seus defensores citam as atuais experiências genéticas como argumento de que, no mínimo, é possível criar animais estranhos.

O dragão é, com certeza, um dos animais mitológicos mais antigos do planeta e, mais que isso, aparece em culturas bastante diversas, com formatos e funções variadas. O dragão está presente na mitologia da Babilônia, onde era conhecido como sirrouch – animal com corpo gigantesco coberto de escamas, cauda e pescoço muito longos, patas traseiras de pássaro e dianteiras de leão, com a cabeça semelhante a de um réptil, com um chifre e uma crista. Era um animal sagrado e, segundo as lendas, os sacerdotes mantinham-no preso na caverna de um templo.

                                                                                                         Representação do dragão/ sirrouch no Portal de Ishtar.

Chegaram a levantar a hipótese de que o sirrouch seria um animal verdadeiro. Várias criaturas com características fantásticas estão representados no Portal de Ishtar, e o arqueólogo Robert Koldewey, responsável pela descoberta do portal, levantou essa possibilidade ao perceber que o dragão surgia em inúmeros relevos da região, sendo bastante criticado por suas ideias. No entanto, alguns cientistas chegaram a supor que, num passado muito remoto, animais diferentes dos que conhecemos hoje ainda podiam existir, e por serem tão diferentes seriam tratados como sagrados.
O dragão também é sagrado na mitologia chinesa, associado à criação do mundo. É um dos quatro animais mágicos (junto com o unicórnio, a fênix e a tartaruga) e representa o conhecimento. Na China, ele é mais parecido com uma serpente gigantesca, às vezes morando no mar, mas sempre mais gracioso que o musculoso dragão ocidental, imortalizado nas lendas medievais – apesar de também possuir escamas, chifres e garras nas patas. Os chineses diziam que seu poder estava concentrado numa pérola que, nas representações gráficas, ele geralmente carrega na boca. Por ser tão importante, o dragão se tornou o emblema imperial chinês.
Foi só na Idade Média europeia que teve origem a imagem do dragão como um ser insidioso, que atacava os vilarejos queimando plantações e casas ao soltar fogo pela boca ou pelas ventas. Jorge Luis Borges – o estupendo escritor argentino, autor de O Livro dos Seres Imaginários – disse que o preconceito contra o dragão é moderno, na verdade provocado por sua utilização excessiva nos contos de fadas. Mas essa imagem negativa vem sofrendo grandes mudanças, e as pessoas estão voltando a encarar o dragão como símbolo do conhecimento preservado ao longo dos tempos. Alguns estudiosos chegam a dizer que os dragões são entendidos como malévolos por guardarem um profundo rancor da humanidade, pelo que ela fez ao planeta.

Representação do dragão chinês.

Um expressivo número de pesquisadores entende que a mutação dos seres mitológicos em criaturas malignas tem relação com a transformação das religiões locais, especialmente com o crescimento do Cristianismo na Europa. O mundo era muito pouco conhecido na Idade Média. Nos desertos distantes e misteriosos, por exemplo, acreditavam que existiam as lâmias, tidas como demônios em forma de mulher, com cabeça de dragão nas pontas dos pés e que, belas como as sereias, atraíam viajantes para o deserto, onde eram devorados.
Esse desconhecimento do mundo fora das fronteiras restritas dos reinos ou das próprias aldeias gerou um dos mapas mais famosos da época, elaborado por Ricardo de Haldingham, ainda hoje exposto na Catedral de Hereford. Elaborado para ser uma representação do mundo em duas dimensões, o mapa é inundado pela imaginação medieval e traz o Jardim do Éden colocado no alto, de onde saem quatro rios que dividem a Terra. E, em vários locais, ele apresenta representações de seres que ali viveriam, como os blemeyes, que possuiriam a boca e os olhos colocados na altura do peito.
Em outra região misteriosa, Haldingham disse que viviam os cinântropos, seres com a aparência de cães, mas com cabeça humana. E havia os seus opostos, os cinocéfalos, com corpo de homem e cabeça de cachorro. Já os parvines teriam quatro olhos e morariam na Etiópia; e os monópodos, que estão entre os mais engraçados, que possuiriam apenas um pé, gigantesco, com o qual se protegem do Sol e correm a velocidades fantásticas.

                           Representação de um grifo no Palácio de Cnossos (Foto: Paginazero/ Wikimedia).

O grifo é outro animal que surge nesse mapa, mas que tem uma origem mitológica mais antiga, no Oriente Médio. Também foi associado ao demônio, com a cabeça e pescoço de águia, corpo de leão e garras afiadas, sendo capaz de voar e carregar bois. Contraditoriamente, o grifo também foi considerado o emblema de Cristo. Segundo Isidoro de Sevilha, “Cristo é leão porque reina e tem a força; águia, porque depois da ressurreição, sobe ao céu”.

O Manticora, numa representação de 1678.

Essas descrições podem parecer piada nos dias de hoje, mas muitos antigos relatos de viagens referem-se a esses animais como verdadeiros, muitas vezes sendo apresentados relatos testemunhais. Daí muitos historiadores entenderem que os viajantes poderiam ter confundido alguns animais que lhes eram desconhecidos, fornecendo explicações irreais. É o caso também do Manticora, conhecido tanto na Índia quanto na África, e que teria corpo de leão, cabeça de homem, cauda de escorpião e três fileiras de dentes. Detalhe: ele adorava carne humana.

Outro animal fantástico de grande popularidade nos tempos medievais, que se estende até hoje, é o unicórnio, cujas narrativas vêm da China, da Índia e espalham-se por quase todos os povos conhecidos. Na China, como já foi dito, é um dos quatro animais sagrados, e considerado de bom agouro. A descrição chinesa varia um pouco da europeia: diz-se que tinha corpo de cervo, cauda de boi e cascos de cavalo, com o corno no centro da testa feito de carne. Seu pelo tem cinco cores diferentes. Às vezes, as descrições apresentam-no como possuindo escamas de dragão, mas como nas histórias ocidentais, também se falava que não se devia feri-lo de forma alguma, pois dava azar.

A Virgem e o Unicórnio (Domenichino, 1604-1605).

Da Índia vêm histórias de pessoas que caçavam unicórnios – animais com corpo de cavalo, cabeça de cervo, patas de elefante, cauda de javali e um corno negro no centro da testa –, mas que jamais conseguiam capturá-lo vivo.
A noção de que a lenda do unicórnio também possa estar ligada a animais reais foi levantada mais de uma vez. Alguns imaginaram que os baixos-relevos persas, que mostravam touros de perfil, com um único corno, podem ter originado o mito. Outros, que o unicórnio pode ser uma deturpação do rinoceronte africano, o karkadan citado na segunda viagem de Simbad.
Assim como o dragão, na Europa o unicórnio foi utilizado como simbologia dos alquimistas e herméticos, representando o espírito e, às vezes, Jesus Cristo e o mercúrio. Dizia-se também que seu chifre possuiria propriedades mágicas, de forma que o animal foi muito procurado na Idade Média, e existiam textos ensinando como capturá-lo. A tarefa exigia a presença de uma virgem, que seria a única capaz de receber o unicórnio com o amor necessário, uma vez que ele também é visto quase como um ser do bem absoluto. Claro que a donzela não poderia ser tão inocente porque, após o unicórnio se derreter todo, ela o levaria para um castelo, mantendo-o preso.
Dizia-se, inclusive, que a rainha Isabel, na Inglaterra, no século 16, possuía um chifre de unicórnio em sua sala de troféus, mas estudos posteriores chegaram à conclusão que se tratava tão somente de um chifre de uma baleia narval, que às vezes morriam nas praias da ilha.

Direto das Lendas
Conheça mais alguns seres, entre as centenas que aparecem nas mitologias de civilizações de todo o planeta.

O Ciclope (Odilon Redon, c. 1898-1900).

Amaru – serpente com duas cabeças ligada ao início e ao fim do mundo, segundo os incas.
Aturki – segundo os índios kalapuyas, do Oregon, o monstro vive nos lagos e rios da região e parece uma foca gigante.
Basilisco – na mitologia grega, é uma serpente gigante. Na Europa, transformou-se num galo com quatro patas, cauda de serpente, asas com espinhos e outra cabeça de galo na ponta da cauda.
Simorgh – pássaro gigante das lendas persas, transportando heróis pelo mundo. Falava a língua dos humanos, era tão antigo quanto o mundo e tinha imensa sabedoria.
Kraken – monstro marinho famoso até o século 18. Atacava navios usando seus tentáculos e tinha mais de dois quilômetros de circunferência.
Fastitocalon –como o kraken, vivia no mar e era tão grande que parecia uma ilha.
Harpias – mulheres aladas da mitologia grega, com garras afiadas e cabelos longos, invadiam locais onde se realizavam banquetes e causavam pânico.
Ciclopes – seres gigantescos da mitologia grega, com apenas um olho no centro da testa. O mais famoso, Polifemo, aprisionou Ulisses e seus homens, e a cada noite alimentava-se com dois deles.
Quimera – monstro feminino da mitologia grega, com corpo de leão, cabeça de bode no dorso e cauda de serpente.
Boitatá – ser conhecido nos pampas do Rio Grande do Sul, às vezes descrito como uma serpente de fogo, outras como olhos de fogo.
Boiúna – na região do Amazonas, um ser monstruoso que mora nos rios e dispara luzes dos olhos, desnorteando os navegantes.
Centauros – entre os mais conhecidos da mitologia grega, com corpo de cavalo e dorso humano. Às vezes, descritos como muito belos, outras como hediondos.
Monangahela – monstro da Patagônia argentina, o último de uma raça de quadrúpedes grandes como mamutes e ferozes como tigres, esmagando florestas e aldeias com suas patas.

 

 


 

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