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Astrologia

Um Mundo em Turbulência

Autor Marília De Abreu
Publicado porGilberto Schoereder
20/05/2011

A abordagem astrológica a respeito das previsões envolvendo mudanças radicais em 2012 é um tanto diferente das que vêm sendo apresentadas por esotéricos em geral. Por Marília de Abreu


UM MUNDO EM TURBULÊNCIA

A abordagem astrológica a respeito das previsões envolvendo mudanças radicais em 2012 é um tanto diferente das que vêm sendo apresentadas por esotéricos em geral.

Marília de Abreu

 

(Foto: NASA. Reprodução artística do nascimento do sistema solar).

2012 está aí e, da mesma forma como foi na virada do milênio, os que têm conhecimento esotérico discutem o fim do Calendário Maia como prenúncio do fim dos tempos.
Embora seja astróloga e, para o senso comum, os astrólogos ainda sejam vistos como profetas, a minha abordagem é outra. A astrologia funciona hoje como funcionava há oito mil anos.
(Nota: os signos não mudaram, não; o movimento da precessão dos equinócios sempre foi do conhecimento dos astrólogos).
Voltando ao tema, a astrologia fundamenta seu poder de prever em estudos estatísticos. Sempre que uma configuração planetária se repete, um padrão aflora, e as pessoas, individual ou coletivamente, respondem a esse padrão. Mas esse não é o único fator a ser considerado; temos de considerar também a evolução.
É fácil praticar uma astrologia determinista num período como a Idade Média, quando as possibilidades dentro da sociedade eram bem limitadas. Por exemplo, um artesão nascia artesão, vivia sempre no mesmo lugar e seus filhos seriam artesões. Aliás, num contexto estático como esse, nem era preciso ser astrólogo para fazer algumas previsões como a duração de vida, a possibilidade de viagens, saúde, etc.
Nessa linha, é conhecida nos círculos astrológicos a história de Julio César, que teria recebido uma previsão de que morreria dia 15 de março. Nesse dia, ele encontrou o astrólogo numa praça e comentou com ele que era o dia da previsão, e ele não tinha morrido. O astrólogo rebateu que o dia não tinha acabado, e Júlio César foi assassinado por seu filho naquele mesmo dia.
Esse tipo de precisão só era possível numa sociedade previsível, na qual não só a estrutura era estática, mas os indivíduos também alteravam suas naturezas individuais. Além disso, na astrologia da época, o intuito era o de acertar, e não o de orientar.

Ocorre que tanto a humanidade evoluiu como a forma de se praticar a astrologia também evoluiu. Mudou-se o paradigma. Hoje, nós entendemos que as influências planetárias podem se manifestar em vibrações mais elevadas ou menos elevadas; que, à medida que um indivíduo tome consciência do padrão que atua em sua vida, ele pode ser orientado a fazer melhor uso dele e escapar das consequências mais desastrosas daquele padrão. Na verdade, descobrimos que temos o livre-arbítrio e que tudo nos leva a evoluir. Por isso, aceitar a evolução nos poupa de sofrimento, e a função do astrólogo passou a ser a de apontar novas possibilidades evolutivas.
Como disse, a humanidade evoluiu, e muito. Se considerarmos só a aceleração evolutiva ocorrida entre os séculos 19 e 20, entenderemos que foi um ponto culminante na história da civilização. Em primeiro lugar, a descoberta dos planetas transsaturnianos trouxe à consciência novas perspectivas de vida; e a ocorrência de duas grandes conjunções, em 1966 e 1990, que causaram um grande aceleramento evolutivo, com maior consciência de quem somos, do nosso papel no mundo, do despertar na pessoa comum o seu poder de mudar as coisas e, com isso, a sua responsabilidade, um papel que já não cabia a Deus ou aos governantes; conhecemos melhor o funcionamento de nossa psique e descobrimos que os condicionamentos do passado não precisam condicionar o futuro.
Falando assim, com o jargão astrológico, pode parecer ao leigo que somente os astrólogos podem perceber esse salto evolutivo quântico, mas não é assim. Vejam bem; as guerras até o século 19 foram feitas a cavalo; quem nascesse na Europa, saberia muito pouco sobre a vida na China, e vice-versa.
A descoberta de Urano trouxe a revolução industrial e o avanço tecnológico; a de Netuno, trouxe o cinema e a popularização das artes, ampliando a possibilidade de acesso à cultura; com Plutão, vieram a psicologia, as armas nucleares e; mais tarde, nos anos 1960, o início da computação, que inicialmente fora concebida para fins bélicos, para depois dar a qualquer cidadão acesso a todo o conhecimento acumulado, em todos os tempos, de todos os povos. Além disso, no fim do século 20 e começo deste, a possibilidade da ciência vir a se reconciliar com a espiritualidade, com o desenvolvimento da física quântica, trouxe mais uma chave; hoje, nós sabemos que podemos criar nosso destino.

Foto: Wolfgang Sauber. Máscara maia, Museu Nacional de Antropologia, Cidade do México.

Então, não parece plausível que, num momento grandioso como este, o destino da humanidade seja o fim. Aliás, não parece que exista um destino.
Estão ocorrendo desastres naturais, sim. No processo de evolução, até então não tínhamos noção do impacto que causávamos, mas hoje temos.
Essa consciência nos assusta, como se assusta a mãe que sai de casa e se lembra que deixou o fogão ligado, mas é possível voltar correndo e desligar; a casa ainda não pegou fogo.
Afinal, tanta consciência, tanta informação, tem de servir a uma GRANDE SÍNTESE e também a um grande salto evolutivo.

Les Très Riches Heures du Duc de Berry (século 15, Museu Condé, Chantilly. Gravura também conhecida como Homem Anatômico e Homem Astrológico).

Eu não recomendo que deixemos de ouvir o noticiário, mas como um alerta: Ei! Acorde! Você esqueceu o fogo aceso! Você pode mudar isso!
Vamos curar as feridas da Terra, vamos respeitar seus ciclos. Se uma montanha tem tendência a aplainar, vamos construir as casas longe dela. Nós possuímos conhecimento geológico, sabemos onde ficam as placas tectônicas e não poluentes, estamos descobrindo a riqueza da diversidade, de como a uniformidade só trouxe uma cultura estática e previsível que nos prendia a um destino inexorável. Não é possível que não possamos colocar tudo isso em prática e sanarmos a bagunça que fizemos durante o processo de aprendizado.
Por outro lado, precisamos consolidar esta síntese, superando a opressão, o preconceito, a ideia de culpa e de vítima como desculpa para fugirmos às responsabilidades, e a retomada das rédeas de nosso destino.
Se o Calendário Maia vai até 2012, talvez eles só pudessem prever até lá, ou novos maias hão de trazer novos calendários, ou a partir de agora depende de nós. Então, uma questão fica para ser respondida, e deverá ser logo. Vamos usar tudo o que sabemos.

 

Marília de Abreu
Astróloga e sacerdotisa da Wicca Cia. das Bruxas
http://www.wiccaciadasbruxas.com.br/
 

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