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Autor Alejandro Parra
Publicado porGilberto Schoereder
14/09/2013

Experiências científicas no mundo todo mostram que a prática coletiva da meditação pode reduzir a tensão no planeta e prevenir tragédias.


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A Unidade das Consciências para Modificar a Realidade

Evidências de experiências científicas realizadas em todo o mundo mostram que a prática coletiva de meditação pode reduzir a tensão em todo o planeta e até mesmo prevenir tragédias, locais ou globais.

Alejandro Parra

(Foto: Fabian Nick).

 

Experimentar pressentimentos e intuições de acontecimentos futuros que, mais adiante, mostram ser corretos, é uma habilidade ou uma maldição? Depende, claro. Os psicólogos cognitivos pós-racionalistas diriam que os pressentimentos (ou impulsos) podem ser atribuídos a inferências inconscientes; outros são coincidências ou simplesmente exemplos de memória seletiva – recordamos melhor aqueles poucos eventos que são significativos e descartamos a maioria restante.
Numa série de experimentos elaborados para provar essa ideia, sob condições controladas, com duplo-cego, investigadores americanos exploraram se o sistema nervoso autônomo humano poderia antecipar-se corretamente à exposição aleatória de fotografias emocionalmente “neutras” ou emocionalmente “intensas”, fossem agradáveis ou desagradáveis.
“Esses estudos”, diz Dean Radin, “nos deram a evidência do que chamamos pressentimento, que, diferente da precognição – que implica no conhecimento consciente de acontecimentos futuros –, alerta o organismo sobre um evento futuro emocionalmente intenso”.
A publicação dos resultados iniciais em várias revistas científicas, como o Journal of Scientific Exploration, motivou vários outros investigadores a tentar, de forma independente, repetir o efeito, centrado sobretudo na atividade eletrodérmica. Outros estudos exploraram outras medidas fisiológicas, incluindo a ressonância magnética, a dilatação da pupila e a variabilidade do ritmo cardíaco. Todos esses estudos obtiveram resultados constantes e alentadores.
A ideia de usar respostas psicofisiológicas como detetor de psi não é original, e durante anos têm havido muitos estudos que sugerem que esses efeitos podem ser mais facilmente detectados com medições não conscientes do que com respostas conscientes – provavelmente devido ao fato de que a informação psi (inconsciente) fica bloqueada pelos mecanismos psicológicos de defesa, que protegem o indivíduo de uma emoção demasiada.
Se é assim, antes de ver um estímulo sensorial (visual) o sistema nervoso autônomo está “atento” poucos segundos antes do que estaria em períodos sem estímulo. Cinquenta participantes, antes, durante e depois da apresentação aleatória de fotografias-estímulo emocionalmente neutrras ou calmas, e emocionalmente intensas, cooperaram num experimento para explorar se alguma forma de pressentimento realmente reflete a emocionalidade dos objetivos futuros.
“Essa resposta antecipatória”, segundo explica Radin, “está associada a um reflexo de orientação que demonstra que é possível predizer mudanças na atividade eletrodérmica (medidas a nível da condutividade da pele na ponta dos dedos, com eletrodos), no ritmo cardíaco e pressão sanguínea”.
Na experiência, o participante é conectado a um computador por terminais na ponta dos dedos, enquanto observa passivamente uma tela em branco. Quando a experiência começa, em segundos. Apresenta-se uma imagem “intensa”, depois outra “neutra”, e assim continuamente, numa combinação aleatória de 20 imagens neutras apresentadas em sequência.

Cinquenta participantes, antes durante e depois da apresentação aleatória de fotografias-estímulo emocionalmente neutras ou intensas, cooperaram com a experiência. Aqui, Dean Radin, acerta os detalhes para o experimento.

Certamente, o participante sabe que as imagens intensas e neutras serão apresentadas, mas desconhece a ordem da apresentação. Ainda que cada participante tenha passado por cada prova sem maior expectativa, ou pelo menos consciência, Radin observou que, na média, um número de indivíduos “soube”, um segundo e meio antes da aparição da imagem na tela, o momento da exposição da imagem emocionalmente intensa, em maior medida do que a da imagem neutra, detectado por um levíssimo porém significativo aumento dos registros psicofisológicos.

Segundo Dick Bierman – professor de psicologia na Faculdade de Psicologia da Universidade de Amsterdã – parece que as pessoas reagem inconscientemente antes de observar as fotografias intensas numa média estatisticamente superior do que quando se apresentam as fotografias neutras.
Birman repetiu com o mesmo êxito as experiências de Radin. Tanto Radin quanto Bierman supõem que o psi “varre” o entorno em busca de eventos futuros que atentem contra nossa integridade física, mas nos adverte na forma de reações emocionais (suor, palpitações), sensações que muitas pessoas sentem pouco antes que um evento desagradável ocorra.
“Nesses estudos”, explica Bierman, enquanto repassa suas estatísticas, “detectaram-se anomalias nas medições fisiológicas”. Por exemplo, o primeiro grupo de experimentos incluía a velocidade com que surge o medo num grupo de participantes fóbicos (a animais), em comparação com um grupo de controle, sem fobia. O segundo grupo de estudos avaliou a diferença nas respostas antecipatórias, antes de escolher os objetivos com cargas emocionalmente intensa versus neutra.
Sob a premissa de que a conduta fisiológica normal varia dependendo do conteúdo emocional do estimulo apresentado, Bierman realizou cinco estudos para determinar o efeito do pressentimento usando ambos os tipos de imagens, diferentes tempos de exposição das imagens (curtos vs. longos), tipos de imagens (violentas vs. pornográficas), também apresentadas de forma aleatória.

Como muitos de seus colegas, Dean Radin começou seu trabalho no Programa de Pesquisas de Anomalias da Engenharia, da Universidade de Princeton, a cargo de Brenda Dunne e Robert Jahn. Até seu encerramento em fevereiro de 2007, o programa foi pioneiro na investigação da interação mente/máquina, com resultados altamente significativos.

Entre 1979 e 2004, Robert Jahn e Brenda Dunne, diretores do PEAR Lab na Universidade de Princeton, investigaram e foram pioneiros no estudo da influência anômala da consciência. Depois, continuaram seu trabalho no International Consciousness Research Laboratories (ICRL).

Dean Radin e Roger Nelson começaram juntos, em 1989, analisando a possibilidade de interferências em computadores devido à psicocinese. No início dos anos 1990, graças a um financiamento da Fundação Bigelow, Radin criou o Laboratório para Investigação da Consciência, na Universidade de Nevada, em Las Vegas, para examinar a influência mental à distância sobre a fisiologia humana durante os rituais vudu.
Em seu estudo, observaram se os efeitos das práticas de cura mental durante esses rituais podiam ser medidos objetivamente, usando indicadores de atividade eletrodérmica, ritmo cardíaco e volume sanguíneo, ao longo de 14 sessões de imposição das mãos sobre bonecos vudu. Os resultados foram sugestivos, uma vez que se observou de que maneira, mediante a técnica do “toque terapêutico”, o sacerdote (hougan) influiu sobre o ritmo cardíaco, devido ao relaxamento do sistema vascular. Para Radin, os estudos sobre o efeito dos rituais poderiam ser o pontapé inicial na investigação da intencionalidade mental em experiências de interação psíquica sobre sistemas vivos.

Em meados dos 1990, Dean Radin – então diretor de investigações do Interval Research Corporation, de Palo Alto, Califórnia –, junto com Fátima Machado e Wellington Zangari, do Instituto InterPsi, de São Paulo, Brasil, investigaram a cura à distância, em dois experimentos com duplo-cego. A ideia era verificar se um grupo de sacerdotes da Umbanda, no Brasil, poderia afetar, à distância, as funções do sistema nervoso autônomo (respiração, batidas cardíacas, pressão sanguínea e resposta eletrodérmica) de um grupo de indivíduos. Estes foram monitorados durante períodos de “influência mental”, em comparação com períodos sem influência (controle), apresentados ao acaso.
A primeira experiência examinou o efeito da “intenção de cura” sobre um grupo de voluntários, com 200 metros de distância entre os curadores e os enfermos; a segunda experiência foi com um grupo de sacerdotes umbandistas que tentavam “curá-los à distância”.
No primeiro caso, Radin demonstrou que a intenção de cura do grupo produziu nos pacientes um aumento na taxa respiratória e uma diminuição da atividade eletrodérmica. Por outro lado, no segundo caso, envolvendo uma distância de quase 10 mil quilômetros, a intenção de cura produziu um aumento do volume de sangue na ponta dos dedos e um aumento da atividade eletrodérmica dos voluntários.

Radin também estudou as faculdades psi num cassino de Las Vegas. Estudos prévios demonstraram que praticamente não existem diferenças substanciais entre os fatores motivacionais de um sofisticado laboratório de parapsicologia e os jogos de azar num cassino, uma vez que em ambos coexistem instrumentos tais como o gerador de eventos aleatórios (GEA ou RNG, Random Number Generator/ roleta) e a motivação psicológica (ganhar dinheiro). No entanto, observa-se que a sensibilidade e os cuidados metodológicos de um laboratório são muito mais exigentes do que os de um cassino.
Seguindo a mesma linha de trabalho, o pesquisador também teve grande preocupação com a investigação da influência mental de grandes grupos de seres humanos sobre os geradores de eventos aleatórios (GEA). Esses aparelhos têm sido utilizados para medir o efeito da consciência global e grupal numa série de contextos, incluindo meditações, encontros de multidões, cerimônias, acontecimentos esportivos e tragédias coletivas.
Esses estudos foram iniciados por Roger Nelson em seu Projeto de Consciência Global, para estudar o efeito da intenção humana e da interação humano/máquina. “Alguns estudos”, explica Radin, “têm demonstrado que os GEA, em situações de grupo, atuavam de forma não aleatória. Tenho observado desvios significativos da média esperada devido ao acaso em situações que implicavam ‘calma’, em comparação estatística com momentos de ‘ressonância subjetiva relativamente intensa ou profunda’”.

Dos vários tipos de experimentos realizados até o momento, talvez o da meditação em grupo seja o mais interessante para produzir um ambiente ótimo para causar desvios “anômalos” nos GEA.
Radin sustenta que, de acordo com seus estudos e em comparação com os grupos não sincronizados, as meditações grupais sincronizadas – isto é, grupos distribuídos em diferentes locais, meditando ao mesmo tempo –, influíam mais sobre os GEA colocados próximos a esses grupos.
Foram aplicadas variedades de atividades mentais como treinamento autógeno (método de relaxamento, tranquilização interna e autocontrole), visualização, oração e técnicas do “voo ióguico” (técnica da Meditação Transcendental, às vezes apresentada como uma espécie de levitação).
Um experimento foi realizado como resposta aos atentados de 11 de setembro, nos EUA. Entre os dias 23 e 27 de setembro de 2001, mais de 1.700 praticantes de meditação transcendental se reuniram na Universidade Maharishi de Administração, em Fairfield, Iowa. As meditações grupais começavam todos os dias às 7h05 e iam até as 17h20. Radin analisou os dados de 37 equipes de GEA colocados em diferentes locais do planeta, excluindo Iowa. Ao avaliar os 735 minutos de dados recolhidos durante os cinco dias de práticas de meditação, não encontrou desvios significativos. Contudo, no dia em que se reuniu o maior número de meditantes (1.800), o resultado da influência “mental” nos GEA alcançou um resultado significativo, indo além de qualquer possibilidade de que os resultados pudessem ser explicados pelo acaso. Esses resultados também se repetiram durante as cerimônias de oração silenciosa do dia 14 de setembro, da Cerimônia da Lua Cheia e de uma vigília de oração.

A partir das técnicas do "vôo ióguico", Radin concluiu que a meditação é um ambiente ótimo para produzir desvios "anômalos" nos GEA.

Numa segunda experiência, na mesma universidade, foram colocadas equipes de GEA num salão onde se reuniam 261 meditantes mulheres, as quais não sabiam da experiência; as equipes também não estavam visíveis. Radin acredita que o fato dos participantes não terem conhecimento do experimento elimina a possibilidade de algum ato intencional de influência sobre as equipes.
As sessões de meditação duravam cerca de duas horas, começando às 7h05 e indo até as 17h35, num total de 94 horas de coleta de dados durante as meditações. Essa experiência foi realizada durante a prática do “voo ióguico”. Neste, obtido após um longo treinamento, o corpo se levanta e se desloca para frente em pequenos saltos, enquanto o praticante está sentado com as pernas cruzadas em posição de lótus.
Na literatura védica, os Yoga Sutras, de Patanjali, descrevem essa primeira etapa como “saltos”; a segunda etapa é descrita como “permanecer no ar” por um curto período de tempo; e, finalmente, a terceira etapa, “absoluta maestria do céu”. A primeira etapa também é descrtita como uma experiência subjetiva que traz paz interior, liberdade, leveza e uma grande felicidade, às vezes como uma “bolha de bem-aventurança”. Os resultados mostraram que os GEA foram claramente afetados durante a prática do voo ióguico.
“Parece haver evidência experimental independente”, destaca Radin, “que apoia a ideia de que o efeito dos grandes grupos de praticantes de meditação (meditação transcendental), sincronizados, diminui a violência, os crimes, os acidentes de trânsito, as entradas em hospitais, o consumo de álcool, as mortes na guerra e o funcionamento das atividades em bolsas de valores”.
Os efeitos dessas meditações em grupo parecem envolver a distância, ainda que o efeito aumente quanto mais próximos as equipes de GEA estejam dos grupos de meditação. Da mesma forma, tem sido demonstrado que os efeitos são maiores quanto mais próximos os grupos estejam dos acontecimentos “intensos” – segundo o hemisfério, continente, país ou região.
Finalmente, quais são as contribuições e o possível uso prático dessas investigações? Dean Radin pensa que os GEA poderiam avaliar a eficácia da meditação em grupo para reduzir a tensão coletiva no sentido global e prevenir ou reduzir tragédias locais ou globais.

 

Dean Radin: O Einstein da Parapsicologia

Dean Radin é diretor científico do Instituto de Ciências Noéticas desde 2001 até os dias atuais. Sua carreira como concertista de violino desviou-se em direção à ciência após graduar-se como engenheiro elétrico; ainda obteve um doutorado em psicologia na Universidade de Illinois.
Por mais de uma década, trabalhou na investigação e desenvolvimento de telecomunicações avançadas nos laboratórios Bell da AT&T e na GTE. Durante mais de 20 anos tem investigado a influência da consciência, em universidades como a de Princeton, de Edimburgo e de Nevada. Foi contratado pelo Stanford Research Institute, onde trabalhou num programa investigando os fenômenos psíquicos para o governo dos EUA.
É autor e coautor de mais de 200 artigos acadêmicos e populares, e de vários livros, como o best-seller The Conscious Universe (1997) e Entangled Minds (2006). Seus artigos têm sido publicados em revistas científicas como Foundations of Pshysics, Psychological Bulletin, Journal of Alternative and Complementary Medicine e Journal of Consciousness Studies.
Foi entrevistado em programas populares de TV, como o de Oprah e Larry King. O documentário Horizon, produzido pela BBC, convidou-o a apresentar seus estudos para o programa dedicado ao cérebro. Participou como convidado de mais de 100 conferências, entre elas no Departamento de Física na Universidade de Cambridge, no departamento de Psicologia da Universidade de Princeton e no Departamento de Ciências da Informática, da Virginia Tech.
Recentemente, apresentou a conferência “A ciência e o tabu da psi”, convidado pelo escritório central do Google, no Vale do Silício.

Alejandro Parra
rapp@fibertel.com.ar

 

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